Na terceira semana de aula, Caelum já havia se acostumado com a sensação de ser observado. Não gostava — mas suportava. Ele era um lobo, afinal. E lobos não imploram aceitação.
Naquela manhã, a sala estava mais barulhenta do que o normal. As crianças cochichavam, curiosas, com os olhos voltados para a entrada.
— “É ela... a filha da Curandeira do Norte.”
— “Dizem que ela fala com os ventos.”
— “Ela vê coisas que nem os anciãos veem.”
Caelum ergueu os olhos.
Uma menina entrou pela porta.
Cabelos escuros até a cintura, lisos como sombra líquida. Olhos castanho-claros, quase dourados. O rosto era calmo, mas havia um quê de firmeza na postura — como alguém que já havia enfrentado a solidão antes.
Ela não olhou para ninguém. Foi direto para o canto da sala, o mesmo onde Caelum costumava se sentar. Parou ao lado dele, sem pedir licença, sem sorrir. Apenas sentou.
Ele piscou, surpreso.
— “Oi,” — disse ele, tentando ser simpático.
A menina apenas o encarou, de soslaio. E então... assentiu com