A fortaleza parecia respirar naquela noite.
Caelum, pequeno demais para as armaduras pesadas dos guardas, leve demais para fazer barulho, esgueirava-se pelos corredores como uma sombra viva.
Ele sentia a mentira como uma mancha no ar, uma vibração errada no tecido da noite.
"Mamãe e papai diriam para eu não fazer isso..." pensou.
"Mas se eu não fizer, quem fará?"
A presença falsa, detectada horas antes, ainda estava lá. Um cheiro doce demais, um sorriso muito branco, um pensamento muito limpo na superfície... e uma podridão escondida logo abaixo.
Caelum usava tudo o que Ylva ensinara: andava com o vento, sentia o chão, mantinha seus sentidos como uma lâmina fina e afiada. Não precisava ver. Sabia.
Passou por corredores, cozinhas, salas vazias. Subiu as escadas antigas que davam para as alas superiores da fortaleza. Ali, onde ficavam os convidados... os mais recentes.
A mentira vinha dali.
Caelum se escondeu atrás de uma tapeçaria quando ouviu passos. Dois guerreiros da antiga guarda d