— Você é um idiota por ter deixado a Sofia ir embora — minha irmã disparou, sem rodeios, depois de perceber que eu não tinha prestado atenção em nada do que ela tinha falado.

Fernanda tinha aparecido na minha sala para falar de uma reunião importante prevista para a próxima semana, mas nos últimos dias, eu não conseguia me concentrar em nada.

— A Sofia quis ir embora depois do acidente com a Alice. Eu não podia obrigá-la a ficar — justifiquei, mais para mim mesmo do que para ela.

— Podia, sim, se estivesse realmente disposto a tentar um relacionamento de verdade.

— Não é tão simples assim...

Eu tentei argumentar com Sofia. Mas ela estava decidida, e eu sentia que nada do que eu dissesse faria diferença. Ela iria embora de qualquer jeito. E foi só naquele momento, quando vi as malas prontas, que percebi a dimensão dos meus sentimentos pela babá dos meus filhos.

Quando me dei conta de que talvez nunca mais a veria, senti um aperto no peito. Um vazio para o qual eu não estava preparado.