A fumaça espessa do charuto pairava no ar como um véu de arrogância e poder. Carlo Bianchi estava recostado na poltrona de couro envelhecido, os olhos semicerrados voltados para o horizonte de Nápoles. Lá fora, a cidade sussurrava seus segredos entre a chuva fina e os becos escuros, mas ali dentro, o silêncio reinava — e Carlo se banhava nele como um rei no próprio trono.
Na mesa à sua frente, papéis e relatórios se acumulavam, mas o que lhe prendia a atenção naquele momento não era nenhum negócio escuso ou uma ameaça rival. Era a notícia que o segurança acabara de lhe trazer.
— Repete. Devagar. — sua voz cortou o ar como lâmina.
O segurança hesitou, engolindo a saliva. O suor já escorria sob a gola da camisa.
— Don Carlo… Enrico vai se casar. Vai anunciar à família nos próximos dias. Está preparando tudo em sigilo, mas a decisão… é firme.
Carlo fechou os olhos por um breve momento. Uma sensação estranha o percorreu — algo parecido com satisfação. Finalmente. Não era só um gesto de al