Daniel ficou paralisado por instantes, incapaz de desviar o olhar, mas rapidamente voltou sua atenção para Helena, que precisava dele. Isadora respirou fundo, retomando o profissionalismo, embora o coração ainda reagisse ao impacto do reencontro.
Isadora assumiu o comando da situação, orientando a equipe com firmeza: — Precisamos estabilizá-la. Concentrem-se nos sinais vitais e no monitoramento cardíaco. A tensão no ar era palpável. Daniel observava cada gesto dela, percebendo a dedicação e a precisão que sempre a acompanhava. Mesmo concentrada no cuidado de Helena, Izadora sentia a presença dele, carregada de lembranças e emoções não resolvidas, e isso tornava cada movimento mais intenso. A estabilização durou alguns minutos, mas cada segundo parecia crucial. Daniel segurava a mão da avó, respirando fundo, enquanto Helena lentamente recuperava sinais mais estáveis. A força da equipe médica, coordenada por Isadora, era evidente, e Daniel não pôde deixar de sentir admiração pela profissional diante dele. Com Helena estabilizada, Isadora finalmente pôde solicitar a bateria de exames necessária para investigar com segurança seu estado cardíaco. Daniel permaneceu ao lado dela, atento a cada procedimento, mas tentando não se deixar envolver pelas emoções que ressurgiu com a presença de Isadora. Os olhares trocados, ainda silenciosos, carregavam tensão e curiosidade mútua. Nenhuma palavra além do necessário foi dita, mas ambos sentiam que aquele encontro, ainda que breve, marcaria o início de uma nova fase em suas vidas. Enquanto a equipe preparava os exames, Daniel olhou para a avó, ainda frágil, e depois novamente para Isadora. Ela continuava concentrada, firme e elegante, um lembrete silencioso de tudo que havia existido entre eles. Isadora estava concentrada na tela do computador, analisando os exames de Helena. Cada resultado exigia atenção detalhada, mas sua mente começou a vagar, puxada por uma lembrança inesperada. Ela se viu novamente no corredor silencioso da escola, depois do intervalo. Daniel havia se escondido com ela atrás da biblioteca, longe de olhares curiosos, e os dois riam baixinho enquanto trocavam bilhetes e segredos. O coração dela acelerava só de lembrar da sensação de liberdade e cumplicidade, de como ele a fazia se sentir especial e protegida. Um pequeno sorriso surgiu em seu rosto. Por um instante, parecia que nada mais existia além daquela memória feliz, daquele riso compartilhado, daquele toque de mãos que ninguém mais deveria ver. Mas logo a realidade do hospital voltou a ocupar sua mente: a avó de Daniel precisava de atenção total naquele momento. Isadora fechou os olhos, respirou fundo, sentindo a pontada de saudade e emoção sem deixar que ela a dominasse. Ajustou o jaleco, recompôs a postura e se preparou para enfrentar a próxima etapa do plantão. Ela caminhou até o quarto de Helena, onde Daniel permanecia ao lado da cama, observando cada movimento da avó com preocupação. Quando seus olhos se encontraram, por alguns segundos, a tensão do passado e as lembranças antigas voltaram silenciosamente, sem palavras. — Os exames indicam que ela está estável por enquanto — disse Isadora, mantendo a voz firme, profissional, mas com uma suavidade que só Daniel parecia notar — Ainda precisamos monitorá-la, mas não há sinais de complicações graves. Daniel respirou aliviado, mas não desviou o olhar dela. Algo em sua postura, no jeito de falar, reacendeu memórias e sentimentos antigos, uma mistura de alívio, curiosidade, e conflito emocional. — Obrigado, doutora — disse ele, hesitante, usando a formalidade como escudo para conter sentimentos que ainda estavam à flor da pele. — Eu… eu realmente aprecio o cuidado que está tendo com ela. Isadora assentiu, mantendo a compostura, mas sentiu o calor da presença dele no ambiente. Cada gesto e cada olhar carregava lembranças não resolvidas, fazendo seu coração bater mais rápido, mesmo enquanto permanecia focada na avó dele. O silêncio durou alguns instantes, apenas interrompido pelo bip dos monitores, lembrando que a prioridade ali era a saúde de Helena. Mas a tensão emocional entre eles, silenciosa e intensa, deixava claro que o passado feliz deles ainda vivia. A Sr.a Helena acordou, olhou para Daniel e estendeu a mao, ele a segurou e disse — Estou aqui vovo, fique tranquila, estou com voce.— Isadora saiu do quarto pra lhe dar mais privacidade.— vovó, nao se preocupa, vou resolver essa situação, só quero que saiba que não fui eu o responsável por isso, — Sua vó assentiu com a cabeça. ... Isadora caminhava pelo corredor silencioso do hospital, os passos ecoando contra o piso frio. O plantão exigia atenção, mas sua mente ainda se perdia em pequenas lembranças de momentos felizes do passado, flashes com Daniel que a faziam sorrir e sentir aquele aperto no peito. Foi então que Vinícius se aproximou. Ele percebeu o semblante abatido dela e manteve uma expressão séria, mas gentil. — Isadora… eu soube do que você está passando — disse ele, baixinho, com um tom preocupado. — Sinto muito por tudo. No instante em que Vinícius tocou no assunto, Isadora sentiu o peso do presente se sobrepor às memórias. As lembranças alegres da escola desapareceram, dando lugar ao recente episódio que a abalara profundamente: o escândalo no hospital, os olhares de julgamento, o constrangimento e a tensão que ainda pairavam sobre ela. Ela respirou fundo, tentando recompor-se, afastando a sensação de vulnerabilidade. — Obrigada, Vinícius… — respondeu, com a voz firme, mas carregada de emoção contida. — Tem sido difícil, mas estou tentando lidar com tudo. Vinícius fez um gesto compreensivo, sem insistir, apenas oferecendo apoio silencioso. — Se precisar de qualquer coisa, mesmo que pareça pequeno, saiba que pode contar comigo. Vinícius Prado era seu amigo desde a faculdade, sempre nutriu sentimentos pela Isadora, mais ela sempre esteve fechada para relacionamentos amorosos, por isso nunca tinha se declarando a ela, O rosto de Vinícius era marcado pelos cabelos loiros ondulados, que destacavam seus olhos azuis intensos e expressivos. A pele clara, o sorriso aberto e o maxilar definido lhe conferiam um ar elegante e carismático, enquanto a barba rala acrescentava um charme natural, era alto e musculoso arrancando olhares onde passava.