Isadora estava sentada à sua mesa, com os olhos fixos no documento que repousava sobre os papéis de rotina. No alto, em letras frias e oficiais, lia-se: “Afastamento temporário de suas funções.”
Por um instante, ela piscou várias vezes, como se o simples ato de repetir o gesto pudesse alterar as palavras impressas. O coração acelerou, e a respiração se tornou curta.
— Isso só pode ser uma piada… — murmurou, apertando o papel entre os dedos.
Sem esperar, levantou-se e caminhou apressada até a sala do diretor. Bateu à porta com mais força do que pretendia e entrou.
— O que significa isso? — perguntou, erguendo o documento diante dele, sem disfarçar a indignação.
O diretor suspirou, tirando os óculos e massageando a ponte do nariz.
— Dr. Melo, você sabe o quanto admiro seu trabalho, mas… estamos sofrendo muita pressão. — fez uma pausa, escolhendo as palavras. — Há pessoas influentes exigindo seu afastamento. Pelo menos por enquanto, é melhor que você fique fora até que a situ