Levanto sem jeito, caminhando para longe dele.– Grace.– Não fala comigo! – grito sem parar.– Qual é o problema?– Quer saber mesmo meu problema?! – Me viro encarando ele – Talvez seja o fato de eu ter que escolher se quero ser cirurgiã ou uma pessoa que comete erros! Ele encurta o espaço entre nós.– Vai congelar se continuar aqui fora – Tenta me fazer andar em direção do carro.– Não vou em lugar nenhum com você – Me livro das suas mãos – Quero que você desapareça da minha vida! Não quero nunca mais ter que olhar pra sua cara! Sebastian fecha os olhos, respirando fundo.– Vai ser difícil isso acontecer. Sou seu chefe. Olho em seus olhos, pressionando os lábios.– Pensei que aqui fora fosse apenas o Sebastian.– Não estamos longe o suficiente do hospital. Sendo assim, continuo sendo seu chefe. Nego com a cabeça, indo na direção do carro dele. Eu o odiava e se não fosse tão persistente, iria para casa a pé, correndo o risco de conge
O tempo havia dado uma melhorada, permitindo que decolássemos. Durante o voo de quase uma hora, tentava não demostrar que estava curiosa para descobrir o destino final. Era difícil deduzir qualquer que fosse o lugar só olhando para Sebastian, já que ele não demonstrava absolutamente nada com os olhos fixos para na pequena janela ao lado. Me inclino na janela, quando o piloto diz que estávamos prestes a aterrissar, notando que o cenário havia mudado drasticamente. De cima dava para perceber que era uma cidade grande e bem movimentada, diferente de Juneau.– Estamos em Anchorage – diz Sebastian de repente, atraindo meu olhar. O avião pousa, permitindo que desafivelássemos os cintos. Com uma mão em minha cintura, Sebastian me guia até um carro quase idêntico ao seu nos esperando.– O que viemos fazer aqui?– Não é óbvio? Ergo as sobrancelhas, negando com a cabeça lentamente.– Gosto de pesca e viemos pescar. Mordo meu lábio in
A volta para Juneau foi rápida e desconfortante. Sebastian estava chateado e não tinha ideia de como contornar isso. Nunca precisei fazer isso, na verdade. As pessoas que sempre me bajulavam. Até meu pai. Então, simplesmente quando me deixou em frente à casa da Sra. Bailey no fim do dia, apenas desci de seu carro em silêncio. O dia seguinte amanheceu mais rápido que do queria. A vontade de ficar na cama era grande, mas o fato de estar num programa de um dos melhores hospitais escola, realizando o sonho de muitas pessoas que queriam estar no meu lugar, me faz sair da cama. A dor incômoda do dia anterior, continuava ali, me lembrando do dia anterior e de como surgiu do nada. Talvez se me desculpasse com Sebastian, por estar o tratando da forma que achava mais correta e que não achava a correta, poderia fazer com que aquela dor sumisse. Uma enfermeira se aproxima com um copo de chocolate quente, quando estou encaran
Desvio o olhar do papel, encarando o vazio em minha frente, duvidando do que havia lido. Não tinha como estar grávida. Ou tinha... Antes mesmo de chegar em Juneau não estava mais tomando a pílula, planejava depois da noite com Sebastian de tomar a pílula do dia seguinte, mas havia esquecido. Havia esquecido de tomar a maldita pílula do dia seguinte, mas não havia esquecido de não ceder ao pau de Sebastian. Giro meu corpo, precisando tirar aquela dúvida da minha cabeça. Entro em uma sala, onde ficava a maioria dos medicamentos, pegando seis testes de gravidez e um recipiente médio de plástico para urina. Tomo o máximo de água que posso, me escondendo em seguida em um dos banheiros, até sentir vontade de fazer xixi. A vontade finalmente chega, me fazendo encher pela metade o recipiente e colocar os seis testes de uma vez que, aos poucos diante dos meus olhos, ficam positivo ao mesmo tempo. Respiro pela boca ainda incrédula, apesar de
Saio do táxi tonta, encarando a fachada azul– claro da clínica. A cor por alguma razão, me lembrava um dia ensolarado, sem nuvens e um céu azul. Também me lembrava da sensação de grama nos pés e o calor do sol em minhas bochechas. Não devia estar sentindo paz, prestes a abortar um bebê. Entro na clínica atraindo diversos olhares femininos ao me aproximar do balcão. Uma mulher de aparência ranzinza estava sentada em uma cadeira giratória.– Posso ajudar? – pergunta ríspida. Ando e fecho a boca, tentando colocar as palavras presas em minha garganta para fora. Precisando me apoiar no balcão.– Marquei horário ontem.– É a mulher que queria outra data – Afirma, digitando algo no computador – Olívia Taylor.– É.– Tem algum número para ligar quando sair?– Precisa de um? Ela me olha com deboche.– Para podermos garantir que ficará bem. Sim, preciso de um. Me mexo desconfortável, sentindo meu estômago embrulhar.– Não tenho um.
Meu celular toca insistentemente em algum lugar, causando uma leve dor de cabeça por acordar de repente. Franzindo o cenho, abro as pálpebras pesadas, encarando o teto do quarto, antes de virar a cabeça na direção de Sebastian ao meu lado. As informações do dia anterior chegam surgem rapidamente em minha mente, como pontos importantes que não deveria esquecer. Um deles era que continuava grávida e que Sebastian era casado. Levanto tentando não fazer barulho, procurando pelas minhas roupas dobradas na cadeira. As visto o mais rápido que posso, dando uma rápida olhada no espelho do banheiro, antes de sair do quarto. Apesar de ter certeza de que não havia mais álcool no meu organismo, continuava me sentindo mal. Saio do hotel em passos largos, ignorando qualquer olhar em minha direção, procurando por um táxi do lado de fora. Quando finalmente o encontro, me sinto aliviada em poder colocar uma distância entre mim e Sebastian, mais ainda, poder p
Faltando uma hora para às 7 da noite, bato meu ponto, saindo do hospital, indo de encontro ao Uber que me esperava. Sra. Bailey descia a escada com sacos contendo roupa suja, quando entro na casa.- Veio jantar em casa, Grace? – pergunta num tom cordial.- Na verdade, vou jantar fora.- Ah, que maravilha – diz virando a direita. Entro em meu quarto, o notando limpo e organizado, uma cena completamente diferente da que deixei de manhã. Inclusive, noto apenas depois, que prato vazio do bolo havia sumido e que possivelmente agora Sra. Bailey sabia que havia devorado mais do que a metade de um bolo. No closet, observo as minhas opções. Imaginando que iríamos para o bar de sempre. Aproveito o banho para lavar meu cabelo, que estava completamente emaranhado por causa do banho anterior de banheira e pela minha falta de cuidado dos outros dias. A tesoura nunca me pareceu tão atraente, enquanto tentava desembaraçar os fios na frente do espelho. Por alg
Horas mais tarde, em meu quarto, ponho em uma bolsa de mão, apenas duas trocas de roupa. Não pretendia demorar e não iríamos. Iria apenas comparecer ao jantar de noivado e no outro dia pela manhã, já estaria em um voo de volta para o Alasca. Batidas na porta, me faz parar de dobrar a camiseta que pretendia por na mala, para abrir a porta. - Oi, Sra. Bailey. Os olhos da senhora vai direto para a mala sobre minha cama.- Vai viajar?- Estarei aqui amanhã. Só irei... – Solto o ar dos pulmões – A um jantar de noivado.- Ah. Então é melhor deixar para conversarmos na Vila.- Está bem – Coloco a camiseta dentro da mala, juntamente com minha necessaire, ouvindo buzinas em seguida – Deve ser o Sebastian. Tenho que ir. Fecho a mala, passando pela senhora com passos rápidos. O perfume de Sebastian me recepciona assim que abro a porta do quarto, sentando no banco do carona. Me esboçando um rápido sorriso, ele dá partida rumo ao aeroport