A expressão de Clara mudava o tempo todo, ora cômica, ora distorcida. Porque, para ela, amar era o mesmo que possuir.
Mas Leonardo tinha dito que amar era abençoar.
Aquilo balançou tudo em que ela acreditava.
Sem conseguir se conter, quis rebater:
— Gostar de alguém é querer estar junto, sim. Amor sempre foi posse. Esse papo de que fruta forçada não é doce é porque ela não estava madura. É só dar tempo ao tempo que ela amadurece. E madura, fica doce. E o amor também. — Com medo de ele não entender, ainda tentou explicar com calma. — Você já ouviu falar que, com o tempo, nasce o sentimento? Quando duas pessoas convivem por muito tempo, o afeto acaba surgindo. É a mesma coisa que você dizer que a fruta ainda não está madura, sabe?
Leonardo não respondeu de imediato. Pegou a xícara e tomou um gole de café.
Clara franziu a testa:
— Que foi? Ficou sem resposta?
— Você insiste tanto... Até já ficaram noivos. Mas e aí? Conquistou o amor dele? — Ele perguntou, sem pressa.
Clara sabia exatament