Clara se sentou sozinha na cabine ao lado. Ela pediu uma bebida e começou a beber sozinha.Leonardo comentou:— Essa aí não tem juízo nenhum, viu?— Está falando de quem? — Isabela perguntou.— Não é de você, fique tranquila. Estou falando daquela princesinha ali. Num lugar desses, sozinha, e ainda bebendo feito louca...Isabela olhou discretamente na direção de Clara.Logo desviou o olhar, sem demonstrar nada.Ela levantou levemente o queixo e mandou:— Vá lá dançar de novo para eu ver.— E o que eu ganho com isso? — Leonardo riu e perguntou.Isabela respondeu:— No escritório, me diga, quem é que te aguenta? Quem foi que te salvou?— Tá bom, tá bom. — Leonardo ergueu as mãos. — Eu me rendo.Ele sabia que, se não fosse por Isabela, já teria sido chutado do escritório fazia tempo.— Quer ver algo mais animado ou mais sensual? — Perguntou ele, sorrindo.Isabela pensou um segundo e decidiu:— Sensual.Leonardo levantou e foi em direção à pista de dança.Mas assim que chegou, Clara também
O cérebro de Alícia simplesmente travou na hora.Parecia que ela não conseguia processar aquela informação, ou talvez achasse que tinha ouvido errado.— O quê que você disse? Aquela Srta. Isabela... É a ex-esposa do Sandro?Jorge deu uma resposta afirmativa a ela:— Sim.— Co... Como assim? — Alícia apoiou a testa com a mão e se largou no sofá, sem conseguir reagir por um bom tempo.Depois de um longo silêncio, ela murmurou, quase como se falasse sozinha:— Bom... Melhor terminar mesmo... Senão isso vai virar uma bagunça.Ela até que gostava da Isabela.Como assim ela já tinha sido casada? E justo com o Sandro?Naqueles últimos tempos, Clara ainda estava mal por causa do noivado cancelado, quase se matando de tanto sofrer.Se a Isabela entrasse na família deles, aí sim tudo ia virar um caos.Ela soltou um suspiro pesado:— Se você tivesse conhecido ela antes, se ela não tivesse nada a ver com o Sandro... Seria tão melhor.Mas o mundo não vivia de "e se".— Você... — Alícia pensou em mi
Romper o noivado não era o fim do mundo, e, na verdade, para ela, era algo positivo. Mas ficar se acabando daquele jeito, para quê? Jorge realmente não suportava ver a sua irmã daquele jeito.Ao sair da casa, ele caminhou até o carro.Isabela estava esperando por Leonardo dentro do carro. Quando viu Jorge se aproximando, ficou um instante parada, surpresa. Havia um mês que não o via, e ele parecia cansado, abatido.Ela abriu a porta e desceu.— Dr. Jorge. — Ela cumprimentou, tomando a iniciativa.Jorge se aproximou.Ela permaneceu em pé e disse:— Fui efetivada.Ela não resistiu e compartilhou a boa notícia com ele, mesmo sabendo que talvez não fosse apropriado.— Sei. — Ele acenou com a cabeça. — Parabéns.Ele ficou parado diante dela, os dois bem próximos.Houve um silêncio entre eles.Pareciam não saber o que dizer.Isabela tentou puxar assunto.Mas Jorge falou primeiro. Ele deu um leve sorriso.— Você sabe que ser advogado nunca foi minha principal ocupação. Esse ano acumulou muita
Os olhos de Isabela estavam desfocados. Ela nem sabia o que estava olhando. Tudo à sua frente parecia embaçado.O som do carro se afastando ainda ecoava vagamente em seus ouvidos.Aos poucos, até aquele som desapareceu.Ela não olhou em nenhum momento na direção por onde ele tinha ido embora.— Mana! — Leonardo veio correndo. — Demorei muito? A Alícia insistiu que eu tomasse um chá por ter trazido a Clara, não tive como recusar. Mas vim correndo depois!Isabela nem prestou atenção no que Leonardo disse. O barulho à sua volta parecia apenas uma confusão incômoda. Ela abriu a porta e entrou no carro.Leonardo sentou no banco do passageiro.Ele olhou para ela com cuidado e perguntou:— Você... Você está bem?Será que ele tinha feito algo errado?Ela parecia tão chateada... E estava pálida.Sem responder, Isabela ligou o carro.Leonardo segurou o volante de repente, perguntou preocupado:— Mana, você está brava comigo?— Não. — Respondeu Isabela.— Então por que está com essa cara?Ela afa
Leonardo ainda segurava aqueles dois lencinhos de papel nas mãos.Ele entrou no carro e, por várias vezes, quis perguntar a ela por que tinha ficado tão triste mais cedo. Mas, ao olhar para o rosto dela, simplesmente não conseguiu.Isabela ligou o carro novamente.O veículo foi se juntando devagar ao fluxo do trânsito.De repente, o celular que estava no painel começou a vibrar.Como Isabela estava dirigindo, conectou no Bluetooth do carro. Logo a voz animada de Lara ecoou do outro lado:— Isa! Hoje levei seu pai no médico e adivinha quem eu vi?Isabela respondeu sem emoção:— Quem?— A Maria! — Lara falou sílaba por sílaba, e em seguida caiu na risada.O tom dela cheio de sarcasmo e satisfação era tão evidente, que Isabela conseguia sentir mesmo pela ligação. Leonardo, ao lado, percebeu também.— E você não vai perguntar o que ela estava fazendo no hospital? — Lara insistiu, frustrada com a falta de entusiasmo da amiga.— Estou dirigindo. — Respondeu Isabela, sem emoção.— Ah, então e
Ela olhou ao redor e percebeu que todos estavam ocupados com suas próprias coisas.Mas Isabela não escolheu deixar barato.Se ela aceitasse naquele momento, com certeza alguém tentaria arranjar problemas de novo na próxima vez.A partir daquele dia, ela teria que se virar sozinha.Para se firmar no escritório de advocacia, ela não poderia ser fraca.Então Isabela foi direto para a sala de monitoramento. Ela assistiu às imagens daquele dia pela manhã e viu que, realmente, alguém tinha colocado coisas em sua mesa.Era a advogada Nanda Soares, que já havia falado mal dela pelas costas. Ela estava no escritório há um ano, já conhecia bem todos ali.As habilidades de Nanda não eram nada de excepcional, entre os grandes advogados, ela era apenas uma novata, mas adorava fofocar sobre os outros.Jorge tinha acabado de sair, e ela já estava correndo atrás de problemas para ela.Isabela não pôde deixar de achar engraçado.Com todo aquele tempo, ela deveria aprender a ser uma boa advogada, ao inv
— Então mostre a prova. Você é advogada, deve saber a importância disso. Cadê a prova? — Disse Isabela.— Se tem ou não, você sabe melhor do que ninguém.— Eu não sei, mas você parece saber mais que eu. Então fale aí.Isabela manteve a calma o tempo todo. Sua voz não subiu, nem ficou agressiva. Ela falava com frieza e precisão, sem pressa.Nanda, por outro lado, só sentia inveja de Isabela. Era claro que não tinha prova nenhuma.— Por que você jogou essas coisas na minha mesa? — Ela tentou mudar de assunto, já que não sabia mais o que responder.Isabela soltou um sorriso sarcástico.— Você realmente não sabe por que estão na sua mesa?— Não sei. — Nanda arregalou os olhos, encurralada.— Quer que eu puxe as imagens das câmeras e mostre para todo mundo?Nanda ficou muda na hora.Ela não tinha deletado as gravações porque achava que, com Jorge fora do escritório, ninguém ia continuar defendendo Isabela. Pensou que ela não teria coragem de se impor, mesmo sabendo que era armação.Mas não
Isabela verificava os documentos que havia organizado na noite anterior, e Leonardo respondeu com um simples "ok."Ele dirigia com atenção, embora quisesse saber mais sobre o relacionamento dela com Jorge. No entanto, naquele momento, não podia fazer nada além de se conter. O humor dela estava claramente pesado, e se ele insistisse em perguntar, só pioraria a situação.Poderia até fazer com que ela desistisse de mentorar ele. E aí, seria um um tiro no pé.Quando chegaram no local combinado com o cliente, ambos desceram do carro.Isabela se encontrou com a pessoa, conversando por bastante tempo, definindo vários detalhes. Leonardo ficou sentado à parte, ajudando com a anotação.Claro, ele sabia que aquelas anotações não eram realmente necessárias. Isabela fazia ele escrever, primeiro para treinar sua paciência, e segundo para ensinar a ele como entender melhor um caso. Quanto mais ele soubesse, mais chances teria de encontrar algo que pudesse ser usado como defesa ou contra-argumento.L