Capítulo 3 - parte 2

Mason Carter

Uma morena de olhos castanhos-claros. Seus cabelos negros com algumas ondulações iam até um pouco acima da cintura. Os lábios carnudos chamativos. O corpo... Que corpo! Mesmo estando sentada, dava para perceber suas curvas avantajadas. Um arrepio percorreu meu corpo e senti meu pau se animar um pouco. Precisava me controlar, porque estava acompanhado.

Passei a língua nos lábios e continuei andando. Ao virar-me, sorri de lado, sem mostrar os dentes.

Aproveitamos bem o tempo, mas por alguma razão, eu não conseguia parar de encarar aquela mulher. Isso já estava passando dos limites, porque, em razão disto, comecei a perder o interesse pela Julia.

Justo naquela noite que eu precisava extravasar…

— Então, o que iremos beber? — Julia me tirou do transe, enquanto segurava o menu com as opções de bebidas e alguns petiscos.

— É... — lhe respondi meio desconcertado.

— Algum problema? — ela franziu o cenho.

— Nenhum. — falei friamente, sem olhar para ela.

Até que Julia percebeu para onde eu estava olhando e seguiu meu olhar.

— Sério, Mason? Aquela garota? — disse com certo desdém. — Eu sou muito melhor e mais interessante. — ela se inclinou e beijou meu pescoço, subindo para minha orelha.

Mas eu não deixei que ela fosse longe.

— Tive uma ideia, podemos pular o jantar e ir direto para a sobremesa…

— Sabe de uma? Vai pra casa, Julia. Nos vemos outro dia. 

Ela me olhou com incredulidade.

— Você deve estar brincando…

— Não estou.

Quando percebeu que eu falava sério, levantou e saiu batendo os pés como uma adolescente e eu finalmente pude ir à caça.

(...)

Eu não sei que horas são, nem me importo. Meu corpo está leve, pesado de uma forma gostosa, e a última coisa que lembro é do cheiro de morangos misturado a uma excitação selvagem. Abro os olhos lentamente e sinto o sol da manhã invadindo o penthouse.

Faz meses, talvez anos, que eu não durmo assim. Sem a porra dos pesadelos, sem a urgência de tomar o calmante prescrito pela minha terapeuta. Eu durmo como um bloco de pedra.

E a razão está deitada ao meu lado.

Viro-me na cama, sentindo o lençol macio roçar na pele. Estendo o braço, procurando o corpo quente da morena de olhos castanhos-claros, a mulher que me fez dispensar Julia e me levou ao limite. O nome dela... Sophie.

Um sorriso idiota surge nos meus lábios. Eu tinha que tê-la, e consegui. A noite foi pura adrenalina, uma explosão que me consumiu e, surpreendentemente, me deu paz.

Mas meu braço encontra apenas o vazio.

O sorriso some. Abro os olhos por completo e encaro o lado da cama. Está arrumado. Não há amassados nos travesseiros, não há sinais de que alguém esteve ali, exceto pelo leve vinco onde ela estava deitada.

— Sophie? — chamo, a voz rouca pelo sono.

Levanto, sentindo o peso da decepção. Ela se foi.

Vou até a sala, a cozinha, o closet. Nada. Não há sequer um bilhete. A mulher que me deu a melhor noite de sono em anos, desapareceu. Como um fantasma que só existiu para me foder e me acalmar.

A raiva me atinge com a mesma força do desejo da noite anterior.

— Mas que porra! — soco a parede da sala.

Essa atitude dela só serve para acender o fogo da minha obsessão. Ela é um desafio, e eu não perco desafios.

(...)

Estou a caminho do aeroporto, quando recebo uma ligação da Harper. Aperto o botão do tablet que fica conectado ao meu celular no carro, no suporte do painel, atendendo.

— Sim.

— Bom dia, senhor Carter. Irá demorar para chegar?

— Um pouco, tenho que buscar meu amigo no aeroporto. Algum problema? — Ouço-a pigarrear.

— Perdoe-me, senhor... Mas devido à agonia desses dias, acabei esquecendo de pedir sua assinatura nos documentos que precisam ser enviados ainda hoje aos seus sócios.

— Droga! — murmuro bem baixinho para que ela não ouça e soco o volante.

Não é culpa dela a empresa estar uma bagunça nesses últimos três meses.

— Me desculpa mesmo, senhor. Só lembrei agora cedo, graças à Manuela. — se refere à nossa recepcionista.

Percebo o quanto a Harper está sem graça.

— Tudo bem, Harper. Não é culpa sua. Estou a caminho da empresa, não se preocupe. — Sem lhe dar tempo para responder, encerro a chamada e faço uma manobra rápida, mudando meu destino.

Max vai me matar se eu me atrasar e deixá-lo esperando, mas não tive escolha. Se eu não fizesse isso, seria apenas mais uma razão para o falatório do meu pai. E, definitivamente, não estou com cabeça para isso.

Em questão de minutos, chego à empresa. Por sorte, não estava longe. Estaciono o carro de qualquer jeito, pois não pretendo demorar e, enquanto adentro o prédio, envio uma mensagem ao Max, informando a razão do meu atraso. Ele vai ficar puto.

Sigo para o elevador privativo, mas hesito ao passar pelo corredor principal. Por alguma razão, meu instinto me puxa para a porta de vidro da sala de Recursos Humanos, onde Harper está conduzindo o processo.

Eu não devia fazer isso. Eu deveria confiar em Harper e me concentrar no que tinha que fazer.

Mas o impulso é mais forte. Olho pela porta de vidro, varrendo a sala de espera lotada de mulheres de terninhos e currículos na mão. Meu olhar congela.

Sinto o ar sair dos meus pulmões. O sangue esfria e ferve ao mesmo tempo.

Eu a vejo.

O cabelo escuro, o lábio carnudo, os olhos castanhos-claros arregalados em choque. Ela está vestida com uma roupa social que deve ter tirado do fundo do armário, visivelmente nervosa, mas inconfundível.

Sophie Bailey.

A mulher que fugiu da minha cama.

A mulher está aqui.

Fodeu! Ela é uma das candidatas à vaga de secretária!

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