(Narrado por Augusto)
Tem algo em Hellena que me desarma.
Talvez seja o silêncio. Talvez o olhar que parece pedir distância e, ao mesmo tempo, implorar para ser compreendido.
Eu não sei.
Só sei que, quanto mais tento manter distância, mais o meu lobo insiste em me empurrar para perto.
Faz dias que tento entender o que está acontecendo comigo. Já lidei com todo tipo de sentimento — raiva, dor, culpa, solidão. Mas isso… isso é diferente.
É como se meu coração, há muito tempo endurecido, estivesse aprendendo a bater de novo.
Desde o dia em que a encontrei na floresta, não consigo tirá-la da cabeça. A imagem dela ajoelhada no chão, os olhos marejados, o cheiro de tristeza misturado à força da loba dentro dela… aquilo me marcou.
E, por mais que eu quisesse fingir que foi apenas compaixão, sei que foi muito mais que isso.
Hoje, na faculdade, o destino resolveu brincar comigo outra vez.
Ela estava sentada na grama, sozinha, os fones nos ouvidos e o olhar perdido. O vento bagunçava os fios do