Clara
Mordi o lábio inferior, sentindo o gosto metálico de ansiedade. Era como se todo o meu corpo estivesse prestes a implodir — um turbilhão silencioso que rodava, rodava, até eu perder o chão. Meus olhos ardiam, e eu sabia que ele estava vendo. Theo sempre via. Vinha com aquele olhar dele, firme, profundo, que me despia mais do que qualquer toque.
— Não é só loucura, Theo… — murmurei, sentindo a garganta apertar. Minha voz saiu fina, trêmula, como um fio tenso preso entre nós. — Mas isso me assusta.
Ele não desviou o olhar. Ficou ali, olhando pra mim como se fosse a coisa mais simples do mundo, como se me entender fosse instintivo pra ele. Ele sabia que eu não era feita de impulsividade, como ele. E, se fosse me jogar, seria inteira.
— Desde o primeiro dia, você me tirou do eixo — continuei, sentindo os dedos trêmulos tocarem o peito nu dele. Era um gesto quase contraditório: eu queria criar distância, mesmo estando grudada nele. — Achei que fosse só atração. Só... aquele magnetism