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Capítulo 2.3 Diana Cross

Não demorou muito até que eu colocasse a chave na porta e entrasse. E lá estava ela. Berta. Pronta, arrumada, com um vestido justo e um salto que eu jamais conseguiria usar sem tropeçar.

— Dih! — ela exclamou animada. — Estava tentando falar com você! Vá se arrumar, tenho entradas pra uma nova casa de shows que acabou de abrir. Está todo mundo indo!

— Nem pensar. — murmurei, deixando a bolsa cair no sofá. — Preciso descansar. Hoje o dia foi um desastre.

— Por isso mesmo! — ela insistiu, empolgada. — Vamos! Prometo que voltamos logo. Você não vai me negar isso, vai? Por favorzinho??

O olhar dela, aquele brilho no rosto... e talvez um pouco da culpa me corroendo ainda por dentro, me fizeram ceder.

— É... quem sabe seja bom mesmo. Preciso esquecer esse dia.

Ela comemorou como se tivesse ganhado na loteria, e eu fui direto para o banheiro. Precisava de um banho, de água quente, de tentar lavar um pouco da vergonha que ainda grudava na pele.

Enquanto a água escorria, a única coisa que vinha à minha mente era a expressão dele. O rugido, o olhar de fúria, o jeito como me expulsou da sala.

Merda, Diana. Você precisa ser mais atenta. Mais forte. Menos você.

Suspirei fundo, tentando empurrar o pensamento para longe.

Minutos depois, estávamos entrando na casa de shows. As luzes, a música, o ambiente todo pareciam girar em torno de uma energia pulsante. Gente bonita, animada, euforia no ar.

Mas algo dentro de mim apertou. Um desconforto. Um aviso. Como se meu corpo soubesse de algo que minha mente ainda não entendia.

— Berta... — tentei dizer. — Acho que não vou ficar...

Antes que pudesse recuar de verdade, os seguranças já haviam aberto caminho, e fui praticamente empurrada para dentro com ela.

Ficaria alguns minutos. Só até ela se distrair. Depois daria uma desculpa e iria embora.

Pelo menos, esse era o plano.

O que eu não esperava... era que ele estivesse aqui.

Damian. No mesmo lugar que eu. E que, por algum motivo que eu ainda não conseguia entender, seu olhar me encontrasse no meio da multidão. Como se me reconhecesse pelo caos que eu carregava. Como se me enxergasse antes mesmo de querer me ver.

E naquele instante, soube que o desastre do café não seria o maior problema da minha noite.

— Diana?

O som da minha voz me chamando faz meu estômago embrulhar.

Congelo. Meu corpo inteiro fica gelado como se tivesse sido mergulhado em água fria. Reconheceria aquela voz em qualquer lugar grave, firme, com um timbre que carrega autoridade e ameaça em igual medida.

Viro devagar. E ali está ele.

Damian Stark.

Meu chefe. O homem que mais me intimida no mundo.

Sinto o rosto perder a cor. O coração dispara tanto que quase me sinto zonza. Não deveria estar aqui. Eu sei disso. Não neste lugar. Não desse jeito. Tudo em mim denuncia o erro. A roupa, o olhar culpado, a respiração curta.

— Eu... eu não sabia que o senhor vinha... eu só vim acompanhar uma amiga... não é o que parece...

As palavras saem fracas. Não consigo sustentá-lo com o olhar. Me odeio por isso. Odeio parecer sempre essa versão frágil de mim quando ele está por perto. Mas não consigo controlar.

E o pior... não é só medo. É vergonha.

Vergonha de estar ali, vulnerável, fora do lugar. De ser vista por ele como alguém menor. Como se eu fosse uma criança brincando num mundo de adultos.

Ele não responde. Apenas me encara. Aquele olhar dele me fura, me desnuda, me desmonta. E então, a ordem vem:

— Venha comigo.

A voz é seca. Sem espaço para negociação. Meu corpo reage antes da minha mente. Hesito.

— Eu... não posso... minha amiga...

— Agora, Diana.

Engulo em seco. Não consigo dizer "não" a ele. Nunca consegui. Me sinto como uma sombra quando o sigo por entre a multidão. Meus olhos não focam em ninguém. Quero desaparecer.

Ele me leva até um dos camarotes no andar superior, longe de tudo e todos. Assim que entramos, ele fecha a porta atrás de nós. O som do trinco me faz pular por dentro.

Me viro devagar. Ele está me encarando de novo. A tensão entre nós é densa, quase visível.— Você tem ideia do que está fazendo? — pergunta, a voz ainda carregada, embora mais baixa.

Respiro fundo. Preciso responder. Preciso ser firme.

— Eu não vim aqui para isso... e nem sabia que o senhor estaria... eu juro. Não estou mentindo.

Me surpreendo com a força da minha própria voz. Ele se aproxima. Um passo. Eu recuo. Outro passo. E meu corpo encontra a parede.

Mas, dessa vez, não desvio o olhar.

Por dentro, estou tremendo. Por fora, luto pra manter a firmeza. Ele me encara com aquela intensidade que mistura raiva, julgamento e... algo mais. Algo que me assusta tanto quanto me atrai.

— Fale a verdade. Você veio aqui por quê? Está envolvida com alguém? Está me espionando? Tentando... subir na empresa?

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