Noto o esforço. Os pequenos gestos. A tentativa de construir uma ponte que ele mesmo destruiu.
— Se não gostar de algo, me avisa. Podemos mudar. — diz, sem me encarar diretamente. — Não é a comida que me incomoda, Damian. — retruco, ainda com os olhos no prato. Ele respira fundo, deixa os talheres de lado e me olha. — Eu sei. Não espero que me perdoe tão cedo. Talvez nem espero que me perdoe um dia. Mas quero que saiba que estou tentando fazer diferente. — Você fala como se isso apagasse tudo que fez. — Eu não quero apagar. Quero consertar. Mas também entendo que consertar, às vezes, não é possível. Só estou tentando fazer o mínimo por você e... — ele para por um instante — pelo nosso filho. A palavra "filho" me atravessa como um raio. Por um instante, tudo ao meu redor se silencia. É a primeira vez que ele usa essa palavra com tanta naturalidade. Como se esse bebê já fosse parte dele. Parte de nós. — Eu