Fecho os olhos por um instante e respiro fundo. Tento encontrar alguma direção no meio da confusão.
E ainda tem essa história dos meus pais... Se ele estiver mentindo sobre isso, se tudo não passar de mais uma manipulação para me manter ao lado dele, meu mundo vai desabar. Porque, antes, eu podia fingir que não me importava. Antes, eu achava que não tinha pais. Mas agora, essa possibilidade está viva e dói.Por mais que eu tenha tentado enterrar esse desejo, lá no fundo, sempre quis saber por que ninguém me quis. Por que fui deixada em um orfanato como se fosse descartável.Será que fui um erro?Um fardo?Uma decepção?Não. Não posso ter sido.As irmãs do orfanato cuidaram de mim com carinho. Se eu realmente fosse indesejada, não teriam me dado o amor que pude sentir ali. Isso me conforta... um pouco.Sou tirada dos meus devaneios pela voz gentil de Suzana, que vem com uma bandeja nas mãos.— A senhora precisa se alimentar — diz com um sorriso