A noite começou como uma ferida aberta.
Felipe ainda encarava a tela do celular quando o nome de Liandra piscou. O toque ecoou pelo escritório silencioso — um som que, em outras noites, ele ignoraria. Mas algo em seu instinto o fez atender de imediato.
— Felipe… — a voz dela veio baixa, controlada, mas ele reconheceu a tensão por trás do tom. — Cecília foi atrás de Alice.
O corpo dele ficou rígido.
— Como ocorreu?
— Ela a abordou na saída da faculdade. Tentou intimidá-la… disse coisas que não deveria.
Felipe se manteve calado por um segundo. Apenas respirava. A mão dele, antes relaxada sobre a mesa, fechou-se com força, os músculos do antebraço pulsando. O lobo rugiu dentro dele, um som surdo e ancestral que ele precisou conter.
— Alice está bem? — perguntou, cada palavra parecendo um estalo de gelo.
— Está… por enquanto. Mas ficou abalada. Eu a levei pra casa.
— E Cecília?
— Saiu como se nada tivesse acontecido. Com dois seguranças.
Silêncio. Liandra sentia que o lobo dele