O relógio marcava quase sete da manhã.
O hospital estava imerso em um silêncio denso, cortado apenas por ruídos de passos apressados e o som metálico de macas deslizando pelos corredores.
Lá fora, o dia começava a nascer, mas ali dentro o tempo parecia suspenso.
Felipe permanecia sentado, imóvel, desde que haviam levado Alice para a cirurgia.
Os cotovelos apoiados nos joelhos, o olhar fixo em um ponto qualquer do chão.
Nem percebeu as horas passarem.
Só o coração, latejando no peito, lembrava que ele ainda estava vivo.
Julie observava o filho em silêncio.
Nunca o vira assim, não o Alfa, o homem.
O rosto pálido, as olheiras fundas, o maxilar travado.
O medo estampado na pele de quem sempre fora o centro de toda força.
Uma enfermeira surgiu na porta e, por um instante, o mundo pareceu parar.
— Senhor Orsine… — disse, apreensiva. — A senhora Alice está estável. Estamos finalizando os últimos cuidados.
O ar voltou aos pulmões de todos ao mesmo tempo.
Mas a tensão ainda paira