Capítulo 4

Eu não passei a lua de mel nessa casa nem nada disso. Nem foi uma lua de mel louca. Agatha e eu nos conhecemos desde crianças, estudamos juntos, perdemos a virgindade juntos e fomos morar juntos assim que terminamos a faculdade de medicina. Não tenho vergonha de dizer que ela foi a única mulher que conheci, nunca precisei de outra e ela também não precisou de mais ninguém. Éramos suficientes. 

Nos casamos três anos atrás, com as gêmeas já grandinhas. E saímos os quatro em lua de mel. Aventureiros, apontamos um ponto no mapa e para lá fomos.

Uma cidade mediana. Onde os pontos turísticos eram apenas uma igreja e uma cachoeira, ambos lindos.

No primeiro dia nós vimos a casa rosa. Sabe aquelas mansões de bonecas, era como se fosse uma em tamanho real e as meninas ficaram empolgadas. 

Quase pedi ao dono para elas entrarem na propriedade. Mas acabei não o fazendo. 

Naquela noite, com Agatha nua em meus braços, comentei:

“Amor, o que achou daquela casa?”

“Linda. As meninas ficaram encantadas.”

“Aqui parece ser um bom lugar para crianças crescerem.”

Ela se apoiou em meu peito para me encarar.

“Você e esse sonho de querer viver no mato.”

“Que mato, exagerada? Só gosto de lugares menos agitados. E nem é tão pequena. É uma cidade média, excelente para criar as meninas. Não queria que nossas filhas crescessem onde tudo é tão corrido. 

“Podemos comprar aquela casa se o dono aceitar uma proposta.”

“Tem um mas ai, não tem? A senhora não quer se afastar da vida agitada da cidade grande, eu sei.”

“Não mesmo. Mas aqui seria ótimo para as meninas passarem férias e feriados. Não é longe da nossa casa, então qualquer desculpa serviria para visitar a casa rosa.”

Não ligo de trabalhar home-office ou de abrir uma clínica aqui. Mas nem falo isso ou ela vai surtar. 

“Se você diz. Eu aceito o que quiser.”

“Não é assim, você tem que querer também.”

“Eu quero qualquer coisa que me peça nua.”

Sua resposta é me morder em várias partes do corpo. Claro que dou o troco.

Menos de seis meses depois daquela viagem incrível, um maldito motorista bêbado subiu na calçada e a tirou de mim.

*

Dez dias depois da conversa, recebo uma ligação de Daniel. 

— Pode fazer as malas. Estou te esperando na sua casa nova.

— Cara, não acha que isso foi rápido demais? Me lembro que demorou quase um mês para resolver do meu apartamento.

— Estavam com pressa de vender. Relaxa, estou com os documentos todos. O casal estava com pressa de vender. Larga tudo ai e vem conhecer a casa e o casal. Vai curtir. Eles são gente boa.

— Porra, Daniel. Você é advogado, se me meter em furada te deserdo do cargo de melhor amigo.

Ele ri.

— Se quiser, posso falar que meu amigo desistiu.

— Não. — Jamais desistiria dessa casa. — Estamos chegando.

Conto a novidade a Christine e peço que ela e o marido nos acompanhe, com a promessa que lhe darei férias do tempo que ela quiser assim que conseguir pessoas da cidade para trabalhar na casa.

As gêmeas são pura empolgação com a novidade. Quando, no dia seguinte, o carro para na porta, elas já querem descer correndo, de boca aberta pela imagem. 

— Papai, é o castelo da Barbie? — Cristal pergunta saindo do carro.

— Não, princesa. É o nosso castelo. Vamos morar aqui agora.

— Oba! — Jade b**e palmas e dá pulos de alegria. Só isso vale a loucura de largar tudo e me mudar.

O sorrisão delas me lembra Agatha. E o maldito nó em minha garganta volta com tudo.

Ela não devia ter ido tão cedo.

Quando um casal latino aparece no portão com sorrisos gentis, limpo a garganta e declaro:

— Vamos conhecer a casa nova?

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