Mundo ficciónIniciar sesiónEla
— Ei, acorda! Acorda! — uma voz insiste.
— Graças a Deus foi um pesa... Oh não! — abro os olhos e encontro o brutamonte loiro. Ainda só de toalha.
— Você desmaiou. — Ele diz se afastando e sentando na cama. Age como se estivesse na casa dele. Isso é irritante.
— Quem é você? E o que faz na minha casa?
— Não vamos começar com isso outra vez.
— Vamos sim, até o senhor me dar uma explicação lógica. — Ou sumir daqui.
Saio da cama. Ele não tenta me impedir. O fato de eu ter desmaiado me lembra que dispensei a comida do avião. Estou há tempo demais sem comer e sem beber líquido também. Meu corpo não está acostumado com isso.
— Isso é impossível. Vou chamar a polícia.
Ele fixa seu olhar em mim, descendo do rosto aos pés. Chego a conferir se não estou nua. O vestido ainda segue aqui. A calcinha ainda segue no chão do banheiro.
Quando vou questionar o que está olhando, ele balança a cabeça e diz:
— Já chamamos, na mesma ligação. Ou acham que somos loucos ou estão chegando. Você está fisicamente bem mesmo? Não é comum desmaiar assim.
— Onde está o Estevan? — Ignoro sua pergunta. Não é da conta dele.
Ele dá de ombros.
— Deve estar gastando o dinheiro da venda com a mulher que apresentou como sua noiva.
Fui roubada e traída. Que maravilha!
O barulho de uma sirene se aproxima.
O brutamonte se enfia em um jeans — sem dar a mínima para o meu olhar nada discreto — e sai do quarto.
Vou atrás.
Dois policiais saem do carro. Se Julia estivesse aqui, aposto que ela reconheceria cada um. Diferente de mim, que passo meu tempo em casa ou viajando, ela conhece praticamente cada morador dessa cidade.
— Recebemos uma denúncia de invasão. — O policial mais alto começa a dizer com uma postura que seria altiva se ele não se perdesse no peitoral do loiro invasor. Entendo completamente. Quando o cenário é bonito, a gente se perde mesmo.
— Esse maluco invadiu minha casa enquanto eu estava viajando. — Passo à frente do loiro parando na frente dos policiais.
Não precisa muito para o grandão parar ao meu lado.
— Se a casa é sua, por que tenho a chave? Eu comprei essa casa. Tenho todos os documentos. Posso mostrá-los agora mesmo.
O policial mais baixo olha de um para o outro e diz:
— Essa casa sempre foi dos Hartman desde que me entendo por gente. Foi deixada para a herdeira, que acredito ser a senhorita. — Balanço a cabeça freneticamente. — E o senhor diz que a comprou.
— Exatamente. Do noivo dela, pelo que parece.
— Como seu noivo conseguiu vender a casa? — o policial me olha com um olhar de julgamento.
Antes que eu responda, o loiro passa na frente.
— Segundo meu advogado, ele tinha uma procuração para fazer tudo por ela, ainda que tenha apresentado outra mulher como Samantha Hartman.
O desgraçado do Estevan. Deus, como pude cair em um golpe? Escondo a mão atrás do corpo, com vergonha. Vou me livrar dessa maldita aliança urgente.
— A senhora tem uma foto com seu noivo?
— Tenho sim.
Tentando usar só uma mão, mostro uma das poucas fotos que tirei com Estevan, pois ele sempre apagava dizendo estar feio.
O policial tira uma foto da foto. E me pede alguns dados dele. Passo tudo que sei.
— Vamos procurá-lo no sistema. Para ver se tem alguma denúncia de golpe anterior. A senhora não teve mais contato com ele? Acredito que não. — Ele pergunta e responde.
Ainda assim balanço a cabeça negando.
— Não. Ele não atende nenhum meio de contato.
Que vergonha! Eu caí mesmo em um golpe. Quando penso que fui tocada por alguém que só queria me roubar, tenho vontade de vomitar.
— Entendo. É um caso complicado. Não temos muito o que fazer além de procurar o meliante e tentar recuperar o dinheiro.
— Mas e quanto a esse homem na minha casa?
— O melhor que tem a fazer, é sentarem e definirem como resolver. — O policial mais baixo sugere. — A senhora não vendeu a casa, mas ele comprou, e não deve ter sido barato.
Já o outro diz:
— Um de vocês pode ficar em um hotel.
Aponto o grandão.
— Ele fica em hotel, pois a casa é minha.
Ele cruza os braços, evidenciando os músculos e quase tirando meu foco da situação. Covardia.
— Eu tenho duas filhas pequenas e acabamos de nos mudar. Não vou para um hotel.
— A ideia do meu colega talvez não seja a melhor. — O policial mais baixo volta a opinar. — Essa casa é imensa. Fiquem os dois aqui. Possivelmente nem vão se encontrar. Se acalmem, falem com os advogados de vocês.
— Mas...
CONTINUA....







