●Aneliese Moore ●
Estamos parados dentro do carro de Alexander, a algumas quadras da casa dos meus pais. O motor desligado, o ar preso entre nós e a tensão pairando no ar como se fosse uma terceira presença ali dentro.
Eu tento, com toda a minha pouca habilidade para improviso, explicar o plano que surgiu de última hora - um plano que, convenhamos, nem deveria ser chamado de plano, mas sim de desespero criativo de sobrevivência familiar.
Porque é claro que eu não pensei em nada disso quando o convidei.
Na minha cabeça, tudo seria simples: fingir que estávamos juntos há, digamos, um mês ou dois, só o suficiente para afastar as perguntas, as piadinhas, as intervenções emocionais disfarçadas de amor familiar.
Mas agora, encarando aquele homem perfeitamente tranquilo ao meu lado, percebo o óbvio: eu não pensei em nenhum detalhe da história. Nada. Zero. Nenhuma linha narrativa convincente para sustentar o teatro.
- Por que você simplesmente não fala que nos aproximamos por conta do t