●Aneliese Moore ●
Eu não sabia o que responder.
Porque, de alguma forma, eu entendia o que ele sentia.
Entendia a solidão, o medo, o desejo que se disfarça de controle.
Mas, ainda assim, uma parte de mim gritava em silêncio, perguntando como aquilo poderia ser real.
— Por que nunca chegou pra me falar nada? — perguntei, a voz quase por um fio.
Ele respira fundo. O ar entre nós parece se partir em dois.
— Porque eu tive medo... — diz, enfim.
Seus olhos me encontram, e há neles mais do que eu poderia decifrar em mil vidas.
— Aneliese, eu não sou o homem certo pra você. — ele continua, e sua voz soa quebrada, honesta demais pra ser confortável. — Eu sou alguém cheio de rachaduras, de fantasmas. Alguém que ainda tenta colar os cacos de um passado que insiste em sangrar. Tenho inseguranças demais, cicatrizes demais. Sou nove anos mais velho, com três filhos, e ainda tentando me convencer de que a vida não acabou. E aí veio você — tão jovem, tão viva, com esse fogo que me faz querer ser alg