— Filha, vem aqui em cima comigo — minha mãe chamou, com aquele tom que não aceita muito um “não”.
Subimos juntas. O corredor ainda tinha as fotos das viagens, os quadros que eu pintei no colégio, a moldura do meu troféu de redação. No quarto deles, com as paredes claras e o edredom lilás, me deixei cair sobre a cama.
— De onde tá vindo tanto sono? — minha mãe riu, sentando ao meu lado. — Você já tava dormindo antes de vir.
— Acho que a preguiça tomou posse do meu corpo. — ajeitei o travesseiro.
— Eu ficava assim quando estava grávida. — ela comentou, olhando a janela como quem se transporta.
— Mãe… — revirei os olhos, exausta dessa coincidência. — Não tô grávida.
— Poderia — ela sorriu, cúmplice. — Seu namorado é um cara e tanto.
— Pior que é. — escapou, junto com um suspiro.
— Pior? — ela arqueou a sobrancelha.
— É que… — engoli. Estranho abrir esse assunto com ela, mas saiu: — Sinto que ele é o cara certo. E isso dá medo.
— Te assusta, é? — ela disse, delicada.
Assenti.
— Não tenha