Depois de terminar as compras, acomodei as sacolas cuidadosamente no porta-malas do carro do Matt. A tarde já caía, e como estava perto do fim do expediente dele, decidi buscá-lo no escritório.
Estacionei em frente ao prédio onde ele trabalhava, um dos blocos de vidro e aço que se erguem no coração de Midtown. Fiz força para não olhar para o outro lado da rua — exatamente onde ficava o prédio da empresa do Antony Patinsk. Cada vez que passava por ali, sentia como se meu corpo inteiro se encolhesse. Aquele lugar nunca me pareceu meu, nunca se encaixou comigo. Mas o destino tinha me forçado a passar tempo demais ali.
Um som seco no vidro da janela me tirou dos pensamentos. Levei um susto. Ao virar o rosto, dei de cara com um par de olhos claros, intensos, acompanhados por cabelos cacheados familiares. O coração disparou antes mesmo que a mente registrasse: Misa. Ele sorria como se nada tivesse acontecido, batendo no vidro com insistência.
Revirei os olhos e abri a porta do carro.
— Mas