Nada melhor do que uma adega para um jogo da garrafa. Ainda mais uma adega como a do Sr. Spelling: climatizada, com paredes revestidas em madeira clara, fileiras simétricas de garrafas de vinho e um tapete negro que contrastava perfeitamente com as poltronas vermelhas ao redor da mesa central. O ambiente era sofisticado o suficiente pra parecer inofensivo… até alguém girar a primeira garrafa.
Eu fui a primeira a chegar. Sentei numa das poltronas e tentei me distrair, mas a raiva latejava dentro do meu peito. Aquela discussão — ou quase-discussão — com o Misa ainda fervia na minha garganta. Ele fugia sempre que o assunto esquentava. E agora, como prêmio, me deixava ver a namoradinha pendurada nele feito chaveiro. July não se contentava com um simples “estamos juntos”, não — ela fazia questão de enfiar língua, mão, gloss e perfume em cada brecha que ele deixava.
Levanto. Pego a garrafa de uísque na mesa e viro uma dose.
Outra.
Mais uma.
Eu precisava relaxar. Ou explodiria.
— Maaaargo! —