Em um quarto elegante —demais para uma prisioneira— estava a verdadeira Kate. Cortinas grossas bloqueavam a luz do sol e um aroma doce flutuava no ar, como se quisessem disfarçar a verdade com flores murchas. A mulher que a havia sequestrado, identificando-se como Eva, a havia trancado ali horas antes, com um sorriso idêntico ao seu e uma ameaça nos lábios.
Mas Kate não tremia. Estava sentada na beira da cama, com os pulsos marcados pelas amarras que mal tinham afrouxado. Tinha um corte no lábio… e o orgulho intacto.
—Você pode roubar meu rosto, mas nunca a minha alma —murmurou, olhando seu reflexo no espelho de corpo inteiro à sua frente.
Parecia-se com Eva, sim. Mas era diferente. E Bastien saberia. Bastien sentiria.
Fechou os olhos e pensou nele: em sua voz rouca quando a chamava de “minha Kitty”, em seu toque firme, na maneira como a olhava como se o universo inteiro parasse. Ninguém poderia enganar seu Bastien, e ela confiava nisso.
—Ele vai saber —sorriu de leve, com dor e fé—.