LUCIEN MORETTI
Bastien não grita. Não precisa. O olhar dele já te sentenciou.
Eu caminhava pelo jardim depois do café, procurando ar fresco, silêncio… e uma forma de processar o incêndio no peito desde que beijei a Addy.
—Lucien —a voz dele cortou o ar como uma lâmina.
Virei-me.
Lá estava ele.
Minha sombra. Meu exemplo. Meu outro pai. Meu maior obstáculo…
E o pai da única mulher que amei.
—Senhor Bastien —murmurei, sem evitar o tom formal.
—Oh… agora sou “senhor”, é? Já não sou tio Bastien.
Engoli em seco.
Meu tio aproximou-se com aquele passo lento, firme, de predador no controle.
Parou à minha frente. Me avaliou de cima a baixo. Escaneando. Medindo.
—Sabe qual a pior parte de te ver tão crescido?
—Qual?
Sorriu. Escuro. Letal.
—Que agora você tem altura suficiente para cumprir sua promessa.
Pisquei. Promessa?
—Promessa? —repeti, confuso.
—Você tinha quatro anos. Minha princesinha disse: “Hmm… mas eu quero um bebê do Lucien quando formos grandes…” E eu respondi: “Você tem que ser bem