Entrei na igreja sentindo meu coração pesado, como se cada passo que eu desse aumentasse o peso da culpa sobre meus ombros. O cheiro de incenso me envolveu assim que atravessei as portas de madeira, e por um instante fechei os olhos, buscando um alívio que não veio.
Dirigi-me ao confessionário. Assim que me ajoelhei, senti minhas mãos trêmulas e minha respiração curta. Sabia o que precisava dizer, mas as palavras pareciam presas na garganta.
— Padre, eu preciso confessar.
Minha voz soou fraca, hesitante. Do outro lado da grade, ele permaneceu em silêncio, esperando. Respirei fundo e continuei:
— Eu sinto raiva. Sei que é errado, mas não consigo evitar. Raiva por uma criança inocente… e mágoa por meu marido.
Só dizer o nome dele já me feria. Apertei os dedos contra o tecido da saia, tentando conter a dor que latejava no peito.
— Conte-me, minha filha — ele disse, sua voz calma, quase acolhedora.
Fechei os olhos. O medo da menina ser parecida com Matteo veio a minha mente, medo de ela t