2. Moleque

Enquanto Luana se dirige para o hospital, atordoada, Victor volta para a sua sala desesperado, ele estava seminu, então não poderia sair correndo atrás dela. 

Nervoso, ele pediu para sua secretária se vestir e sumir da sua frente, ela tenta argumentar. 

— Assim é melhor meu amorzinho, agora ela não empaca o nosso caminho. — Sem acreditar no que ouvia, ele vai até ela a pega pelo pescoço e diz. 

— Nunca mais fale assim da minha mulher, você é apenas um projeto de puta que, eu uso quando quero, ela é meu diamante bruto, minha joia rara. — Elvira o olha com lágrimas nos olhos, ela tenta tirar a mão que a sufocava, mas ele estava cego de raiva, até que a porta é aberta abruptamente e seu pai entra na sala. 

— Que pouca-vergonha é essa, Victor Spangler? — Victor estava apenas com as calças levantadas, mas ainda aberta, Elvira estava com os seios amostra, e usando apenas uma calcinha vermelha fio dental. 

— P.pai! Eu, posso explicar. — Victor diz constrangido. 

— Pegue sua roupa e vista-se Elvira, vá para casa e não volte a empresa até segunda ordem. — Elvira apenas assente com a cabeça e sai em disparada. — Estou decepcionado com você. 

— Papai, eu. — Victor tenta argumentar, mas seu pai estava muito nervoso com a atitude do filho, o que seria da imagem da empresa, se alguém descobrisse e colocasse nas mídias, neste momento ele conseguiu enxergar o que muitos diziam, seu filho era um moleque sem respeito, não merecia o cargo que tinha.

— Calado, a partir de hoje algumas coisas irão mudar. Você irá marcar a data do casamento com Luana, não sairá mais para as noitadas com seus amigos, e se for será por sua conta, me dê todos os seus cartões, ficará apenas com o cartão salário. 

— Eu não sou mais criança para me tratar assim. — Victor diz com raiva. 

— O que vi agora foi uma atitude de moleque, então te tratarei como tal. Onde já se viu, com uma noiva linda e competente, você se aventura com a secretária, que com toda certeza só está querendo ganhar status e dinheiro por meio de você. Acorda garoto, você já tem vinte e nove anos, cresça. — Seu pai passa a mão na cabeça e na nuca, nervoso diz: — Pensa se invés de mim, Luana entrasse na sala. — Então foi a vez do Vitor passar a mão nos cabelos, nervoso. — Porra, Victor, o que está fazendo aqui ainda, vá atrás dela. 

Só então Victor se toca que não falou com ela depois do que ela presenciou, ele começa a ligar para ela, andando de um lado para o outro da sala, mas sem sucesso, a ligação caia direto na caixa postal. Ele colocou a camisa de qualquer jeito e correu para a sala dela, se deparando com Simon trancando-a. 

— Onde está a Luana? — Simon o olha confuso e diz. 

— Onde mais estaria no hospital. — Victor o olha assustado, e pergunta. 

— Oh, meu Deus! O que aconteceu? Ela está bem? — Ele pensava que tinha acontecido alguma coisa com Luana, e ficou desesperado, na mesma hora perdeu a cor do seu rosto, se recriminava internamente por isso, se acontecesse alguma coisa com ela, ele nunca se perdoaria. 

— Ela não te contou? — Victor o olha confuso — Nathan! — Vendo que seu chefe se mantinha confuso, ele falou — Nathan sofreu um acidente de carro, está no hospital agora, Luana foi para lá, ela disse que ia te avisar. 

— Merda! — Sem dizer nada, ele volta para a sua sala e começa a digitar muitas mensagens para Luana. Ele se sentiu um bosta naquele momento, ela foi pedir seu apoio e o flagra traindo-a, ela com certeza o odiava naquele momento, pois ele mesmo está se odiando.

Ele sabia que se aparecesse lá poderia ser pior, por mais que ele quisesse estar com ela, ele tinha medo de que ela o rejeitasse, então continuou ligando e mandando mensagens pedindo perdão. Quando finalmente conseguiu falar com ela, como esperado, ela o tratou com indiferença, o que cortou seu coração. Ele queria estar lá consolando-a, abraçando-a, mas é um filho da puta orgulhoso. 

Sem ter notícias de Nathan, ele decidiu ir até o hospital, mesmo sem a permissão de Luana. Ao entrar na sala de espera, ele a viu encostada em um canto, olhando para o anel em seu dedo. 

… 

Ao chegar no hospital ela se deparou com o seu pai amparando a mãe dela, na mesma hora pensou no pior, correu até eles e os abraçou apertado. 

— Como está o Nathan? 

— Ele acabou de entrar em cirurgia, mas Michele não resistiu — Sua mãe diz chorando, seus ombros caem, e ela sente a dor pelo irmão, Luana sabia o quanto seu irmão a amava, e ele ficaria devastado quando soubesse que ela não resistiu. 

— Mas o que aconteceu? Onde foi o acidente? — Luana perguntou, chorando. 

— Eles estavam voltando da faculdade, Michele não estava se sentindo muito bem, então Nathan decidiu levá-la ao médico, ele chegou a me ligar para comunicar, e no caminho um louco invadiu a contramão colidindo de frente com eles, Michele morreu na hora e seu irmão ficou preso nas ferragens. 

— Meu Deus! — Luana coloca a mão na boca, imaginando o desespero do seu irmão. Ela senta-se na recepção com seus pais e aguarda por notícias. 

Não demora muito Simon aparece com o seu carregador, ela agradece indo em direção à tomada, para color o aparelho para carregar. 

Simon, além de seu assistente, era seu amigo. Quando ela foi promovida a Diretora de Marketing, ele havia entrado recentemente na empresa, então vendo a oportunidade de moldar um funcionário para suprir suas necessidades, ela optou por ele, por ser o primeiro emprego dele e não ter manias de antigos lugares trabalhados, para assim formar a equipe perfeita. 

Luana sempre foi muito metódica, organizada e responsável, e com a ajuda de Simon ela se tornava uma profissional espetacular.

— Você está bem, Luana? — Simon pergunta, preocupado com sua amiga. 

— Não, mas, eu vou ficar. — Ela diz, fazendo carinho na mão do seu amigo.

— Victor foi até sua sala te procurar, ele estava todo desalinhado, e posso dizer que até um pouco desesperado, atrás de você. — Ela o olha com os olhos marejados, e pergunta. 

— Contou onde eu estava? 

— Sim, até achei que o encontraria aqui. 

— Acho que ele não vira. — Antes que Simon pudesse perguntar algo, uma enfermeira apareceu para falar com os pais dela, a mesma levanta e vai ao encontro deles. 

— Ele continua em cirurgia, então infelizmente terão que aguardar. — Todos baixam a cabeça cabisbaixos, e voltam a sentar na sala de espera. 

— Vou buscar um café para você, quer puro? — Simon pergunta, Luana ia dizer que não precisava, mas ele a interrompe dizendo. — Você não almoçou hoje. — Sentindo se derrotada, ela assente com a cabeça, vai até os pais e diz. 

— Vou com Simon até a cafeteria, vocês querem um chá, um suco? 

— Quero um café preto, mas pegue um chá de camomila para sua mãe. — Luna confirma com a cabeça, estava indo, quando seu pai diz: 

— Onde está Victor? — Ela engole em seco, e diz. 

— Está atarefado de trabalho, mas ele virá depois. — Seu pai concorda com um aceno de cabeça e ela segue para a cafeteria com Simon atrás. 

— O que aconteceu? Por que mentiu para seu pai? — Ele a questiona. 

— Não quero falar sobre isso agora, minha preocupação é meu irmão. — Simon entende e fica quieto. 

Quando voltam para a sala de espera, ela entrega os copos aos seus pais e senta-se perto do aparelho que já deu sinal de vida. Tinham dez mensagens e vinte ligações não atendidas do Victor, ela apaga todas as mensagens sem ler. 

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