3. Você me perdoa?

Os pais de Michele chegam e Luana se aproxima deles para os abraçá-los carinhoso. A mãe de Michele senta ao lado dos seus pais para aguardar notícias, enquanto o marido trabalha nos preparativos para o velório. Luana se oferece para ajudar, mas ele recusa educadamente, dizendo que ela precisava ficar e apoiar a família. Ela concorda e dá mais um abraço forte no pai de sua cunhada, amiga ou irmã.

O celular de Luana começa a tocar novamente, ela vê que é o Victor, e silencia o aparelho deixando-o tocar, mas devido à insistência, ela acabou saindo para atender. 

— O que você quer, Victor, eu não estou em um bom momento. 

— Meu amor, me perdoa, eu preciso te ver, me deixe estar com você. 

— Preciso estar com minha família agora, depois conversamos, ok. 

— Eu te amo Luna, eu juro que te amo de todo o meu coração. 

— Ok, Victor, depois nos falamos, preciso apoiar os meus pais agora. 

Ela desliga o celular com lágrimas nos olhos, “Como ele pode dizer que me ama, se estava agora mesmo transando com sua secretária”. 

Suas amigas chegam assim que ela limpa uma lágrima, elas a abraçam apertado, imaginando a dor que Luana estava sentindo, pois elas sabem que a relação de Luana e Nathan era muito próximo, eles eram inseparáveis.

— Sinto muito amiga, vim o mais rápido que pude. — Juliana, sua amiga de faculdade, diz, ainda a abraçando. 

— Eu também, mas lá na Agência chegou um modelo novo, que tive que dar atenção, mas assim que consegui, vim correndo para cá. Como Natan está? E Michele? — Tamires diz afobada, ela era amiga de infância de Luna. 

— Obrigada por estarem aqui meninas, então Natan continua em cirurgia, não tivemos notícia nenhuma até agora. Em relação a Mi, ela, ela — Luana não conseguia concluir a frase, amava Michele como se fosse sua irmã, e dizer aquelas palavras era como enfiar uma faca em seu peito. Sem conseguir conter as lágrimas, ela começa a chorar. Os soluços escapam de sua boca, enquanto seus ombros balançam, a medida em que seu choro fica mais intenso. 

Suas amigas nunca a viram assim, se preocupavam com ela, e se prontificaram a levá-la para um lugar mais calmo, longe da família, para não preocupar seus pais. 

Quando ela já estava mais calma, Tamires perguntou. 

— Onde está o embuti do Victor? — Juliana revira os olhos, e tenta esconder uma risadinha. Elas não gostavam de Victor. 

— Ele está atarefado. — Luana responde sem olhar para as meninas. Ela sempre foi péssima mentindo, então as meninas pegaram na hora, que alguma coisa havia acontecido. 

— Desembucha, o que aconteceu? — Tamires, a mais desbocada delas, pergunta. 

— Não foi nada, Tami. 

— O que nada é peixe, fala logo, o que aconteceu. — Tami diz, tentando animar a amiga.

Luana estava constrangida com tudo que aconteceu, ela amava o Victor e por mais que tenha visto tal ato, ela não podia manchar a imagem dele para suas amigas, elas já não gostavam dele, se souberem o que ele fez, elas o odiariam. 

— Ele tem que ter um motivo muito bom, para não dar apoio para sua noiva em um dia tão triste como esse. — Juliana resmunga ao lado de Tamires.

— Eu estava falando com ele quando chegaram, eu disse que não precisava vir, pois precisava apoiar minha família e não poderia dar atenção a ele. 

— E o manequim de brechó aceitou de boa. — Tamires diz nervosa. 

— Tami! — Juliana a repreendeu — Precisamos apoiar a Luna, e não deixá-la nervosa. 

— Certo, certo, me desculpem. — Tami faz sinal de rendimento.

— Já estou mais calma agora, vamos voltar para a sala de espera, quem sabe os médicos trazem notícias de Natan. 

As meninas concordaram, e juntas foram para dentro do hospital. Elas abraçaram a família de Luana e Michele, falaram algumas palavras de conforto, depois sentaram-se ao lado de Luana, que permanecia quieta. 

Sem que Luana percebesse, Tamires fez sinal para Simon com a cabeça, eles saem de fininho e assim questão distante e sozinhos ela diz. 

— O que aconteceu com Luna e o babaca do Victor? 

— De verdade eu não sei, ela não quis dizer, mas antes de vir para cá o Victor foi desesperado para a sala dela, queria conversar com ela, eu não entendi nada. 

— Hum, interessante, será que aconteceu alguma coisa? 

— Acredito que sim, porque assim que contei sobre Natan, ela disse que iria até a sala dele, para comunicá-lo, e quando ele foi procurá-la, ele se assustou quando eu disse onde ela estava. 

— Isso não está me cheirando bem, vamos ficar de olho. 

— Combinado. Agora você pode me cumprimentar direito. — Tamires sorri com a cara de pidão que Simon olha para ela, e o beija. Eles estão se envolvendo há um tempo, mas devido à diferença de idade, Tamires se sente insegura para contar às amigas, então eles se encontram escondidos.

Já era madrugada, Luana estava encostada em uma parede, olhando para o diamante que brilhava em seu dedo, se perguntando o que faria agora?  

A dor que sentia naquele momento era muito grande, o dia estava sendo cansativo. No mesmo dia ela descobre a traição do amor da sua vida, enquanto seu outro amor, seu irmão, luta para sobreviver em uma sala fria do hospital. Luana não se alimentou o dia todo, então começou a se sentir fraca, foi perdendo ao poucos as forças nas pernas e de repente tudo ficou escuro. 

Ao perceber que Luana não estava bem, Victor correu ao seu encontro, conseguindo ampará-la antes que caísse ao chão. Com ela em seus braços, ele começa a pedir ajuda, logo duas enfermeiras aparecem e a levam para ser examinada. 

Algumas horas depois, a enfermeira permite que os pais entrem no quarto de Luana, que dormia. O médico disse que ela estava bem, apenas foi uma queda de pressão, provavelmente por estar preocupada com o irmão e o fato de não ter se alimentado direito. Mais tranquilos, os pais dela aproveitam a oportunidade para perguntar sobre Natan. 

— Ele já saiu da sala de cirurgia, mas está na UTI, então hoje não poderá receber visitas. 

— Mas ele está bem, doutor? — Pergunta Paula preocupada com o filho. 

— Ele está estável, amanhã faremos mais exames e poderemos dar mais notícias. Aconselho a irem para casa, ele não pode ficar com acompanhante, e assim que a senhorita Luana acordar, ela também poderá ir para casa. 

— Vou pedir para o meu motorista levar vocês, depois peço para deixarem o carro de vocês em casa, o senhor não pode dirigir desse jeito, está cansado e preocupado. Eu, fico até a Luna acordar. 

— Obrigada, meu querido, que Deus proteja vocês — Paula diz abraçando Victor, ela era muito religiosa. Se despedem e vão para casa, enquanto Victor fica no quarto segurando a mão de Luana com carinho. 

Ao amanhecer, Luana começa a despertar, ela abre os olhos com dificuldade, até que consegue enxergar claramente, ela vê Victor sentado em uma cadeira simples, com o braço dobrado e apoiado na maca do hospital, sua cabeça deitada no mesmo, enquanto a outra mão segurava a sua com ternura. Ela sentiu seu coração apertar. “Como vim parar aqui? E o que ele faz aqui?” Luana se perguntava, até que soltou a mão de Victor, que acordou assustado. 

— Meu amor, graças a Deus, estava tão preocupado. 

— O que faz aqui, Victor? — Por mais que via preocupação nos olhos dele, ela ainda não entendia o que estava acontecendo, então decidiu perguntar. 

— Ontem vim te ver, mesmo sem a sua permissão, quando cheguei a ver passando mal, consegui te segurar a tempo de não cair ao chão, os médicos disseram que está bem, que pode ter sido o emocional, e por não se alimentar. 

— Obrigada, onde estão meus pais? 

— Eu os mandei ir descansar. 

— Houve notícias sobre o Natan? 

— Não muita, ele saiu da cirurgia, mas está na UTI, hoje farão mais exames e conseguiram dar o diagnóstico. 

— Certo, preciso ir ao banheiro, me ajuda por favor. 

— Claro, meu amor, ah! Tomei a liberdade de solicitar exclusividade para o caso do seu irmão. Dessa forma, durante a madrugada, ele foi encaminhado para a melhor e mais equipada sala de UTI do hospital. Às oito horas da manhã, um amigo do meu pai chegará para cuidar pessoal e exclusivamente do Nathan. Ele ficará bem meu amor. 

— Nossa! Obrigada Victor. Prometo que vou te recompensar, pagando todas as despesas. Eu só peço que tenha um pouquinho de paciência. 

— Não se preocupe com isso, minha linda. Sua família é minha família. — Luana o olha sem saber o que dizer, ela o amava, o que ele estava fazendo pelo seu irmão era com certeza a coisa mais linda que ele já fez para ela, mas, no fundo, ainda sentia seu coração apertado ao lembrar da cena que presenciou. Vendo que ela ficou muda e seu semblante se contorceu um pouco, Victor a abraça apertado. 

— Não pense nisso ok, eu me arrependo do que fiz e não vou fazer de novo. Você me perdoa?

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