O silêncio era denso. Dr. Álvaro Navarro deixou a caneta repousar sobre o bloco de anotações e fitou Philippe com os olhos firmes, mas acolhedores. Não havia pressa, não havia julgamento. Apenas escuta.
— Philippe... — começou ele com calma — em mais de vinte anos ouvindo histórias, angústias e memórias partidas, aprendi a não subestimar o que o coração traz em forma de sonho. Nem tudo o que sentimos pode ser explicado apenas pela lógica clínica.Philippe manteve os olhos baixos, atentos, como quem espera uma chave para abrir o próprio peito.— O que você descreveu — prosseguiu Álvaro — não se enquadra em um sonho típico. Não é fragmentado, não é distorcido, nem confuso. Há uma linha narrativa, há repetições precisas. E mais do que isso: há emoção contínua. Você sente dor. Você sente saudade. Você sente perda.O psiquiatra cruzou as pernas, aproximando-se ainda mais com o olhar.— Como profissional da mente, preciso te dizer que o inconsc