Philippe respirou fundo, o maxilar um pouco travado. Estava ali, sentado em frente ao psiquiatra pela segunda vez, depois de três noites mal dormidas e um vazio que não sabia nomear.
— Doutor... — disse ele, fitando o chão antes de erguer os olhos. — O senhor me pediu pra narrar como são os sonhos. Eu vou tentar... Eu não sei explicar por quê, mas parecem tão reais... como se fossem lembranças.O psiquiatra fez um gesto leve com a cabeça, sinalizando para que ele prosseguisse.— Sempre começa do mesmo jeito. Eu estou dirigindo por uma estrada sinuosa, cercada por muito verde. Sinto o cheiro de terra molhada e enxofre. Acho que são fontes termais por perto. Ao fundo, montanhas. E uma cidadezinha... eu tenho certeza de que conheço esse lugar, mas não consigo lembrar o nome. É como se estivesse na ponta da língua.Fechou os olhos, buscando as imagens.— Quando chego, sempre paro diante de um hotel simples, nada luxuoso, mas aconchegante. A f