Alberto
A cidade deslizava pela janela do carro, tingida pelo dourado tardio do pôr do sol. Samanta falava animada sobre fraldas, berços e roupinhas de algodão orgânico, apontando vitrines e lojas que jamais chamariam a atenção de Alberto em outro contexto.
Ela estava mais do que feliz. Estava radiante.
Alberto sentia que uma parte dele, só precisava daquilo para viver. O sorriso doce, as expressões exageradas e a entonação da voz dela que mudava com cada coisa que ela vislumbrava. A intensidade de Sam estava de volta. Do jeito que ele tanto apreciava.
Mas naquele momento, ele ouvia a voz dela com uma espécie de reverência silenciosa. Não apenas por amor, mas por receio, um receio do incerto que começava a se entranhar sob a pele, sutil e constante, como uma febre silenciosa.
Ela estava sensível. As emoções dela vinham em ondas, e ele as sentia antes mesmo que ela as nomeasse. Sua mão repousava sobre a coxa dela, firme, morna, como um gesto de posse, mas também de ancoragem, de perte