A manhã despertava tímida, coberta por uma cortina cinzenta de chuva. O som suave das gotas no vidro criava uma melodia melancólica, quase hipnótica, que envolvia o quarto em um silêncio acolhedor. Samanta abriu os olhos devagar, o corpo ainda enroscado no calor do homem que dormia ao seu lado.
Alberto.
O peito dele subia e descia em um ritmo sereno, embalado pelo sono. O braço forte a envolvia com posse, como se mesmo inconsciente se recusasse a soltá-la. O cheiro dele, uma mistura inconfundível de bergamota fresca, madeira e cassis, invadia seus sentidos, despertando memórias adormecidas em seu peito. A lembrança chegou como uma brisa morna atravessando a tormenta de sua realidade.
Flashback On
Paris, com suas luzes douradas e o céu de inverno. Paris, onde ela acreditou, pela primeira vez, que o amor entre eles era possível. Que seria eterno.
Quatro dias antes, Samanta havia deixado tudo para trás. Emprestou dinheiro, conseguiu quinze dias de folga no trabalho e embarcou sozinha par