Isabella está prestes a perder sua casa e não sabe mais a quem está correndo quando, por um acaso do destino, cruza o caminho de Leonardo Ferraz. Durante uma reunião confusa, ela descobre um segredo devastador: o CEO bilionário precisa urgentemente de uma esposa temporária para cumprir uma cláusula no testamento de seu pai falecido. Se ele não se casar até o final do ano, perderá a presidência da empresa para seu ambicioso meio-irmão. Desesperado para manter seu legado intacto, Leonardo faz uma proposta audaciosa para Isabella: um contrato de casamento de conveniência que garantirá a ela uma quantia generosa em troca de sua participação como sua "esposa" por um ano. Inicialmente cética, Isabella acaba aceitando o acordo devido à necessidade financeira. No entanto, ao se mudar para a mansão de Leonardo e fingir ser a esposa perfeita nas festas da alta sociedade, ela descobre que há muito mais sobre o CEO do que sua fachada gelada.
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O relógio da parede parecia zombar de mim, os ponteiros arrastando-se como se soubessem que eu não tinha pressa de encarar o que vinha depois do expediente. As horas naquele escritório pareciam mais longas do que nunca. A cada clique do mouse, cada e-mail enviado, mais um pedaço da minha alma se desgastava. Trabalhar naquela empresa há tanto tempo me dava a sensação de estar presa em uma teia, incapaz de escapar e sem saber para onde ir. O trabalho em si nunca foi o problema, mas a falta de reconhecimento, de propósito... era sufocante. Eu me esforçava, fazia tudo certo, mas no final do dia, parecia que nada importava.
Suspirei profundamente, afastando o olhar da tela do computador. Meus olhos ardiam de cansaço, mas não era apenas isso. Era um cansaço que ia além do físico, era emocional, mental. A empresa estava em colapso, e eu, por mais dedicada que fosse, não conseguiria salvar um navio que já estava afundando. Sabia que os dias estavam contados, tanto para o negócio quanto para mim. Mas esse pensamento, embora alarmante, parecia pequeno diante dos problemas reais que me aguardavam fora dali.
O relógio finalmente marcou o fim do expediente, e eu desliguei o computador, pegando minha bolsa e saindo sem olhar para trás. Não havia nada naquele lugar que eu queria levar comigo, nem mesmo as lembranças dos dias em que eu ainda acreditava que tudo valeria a pena. Atravessar a porta da empresa deveria ser libertador, mas o peso que carregava nos ombros não diminuía. Talvez fosse o peso de decisões que eu ainda não tinha tomado. Ou o medo de enfrentar o que estava por vir.
Caminhei até o café onde eu e Pedro costumávamos nos encontrar depois do trabalho. Ele era meu ponto de equilíbrio, a pessoa que sempre me ouvia sem julgamentos, sem me dizer o que eu deveria fazer, mas ainda assim me dando a força para seguir em frente. Hoje, mais do que nunca, eu precisava dessa força.
Quando cheguei, Pedro já estava lá, com uma xícara de café à sua frente, me esperando com o olhar de sempre — atento, preocupado. Sentei-me à sua frente, soltando um longo suspiro enquanto ele me observava, como se tentasse adivinhar o que eu diria primeiro.
— Como você está, Isa? — ele perguntou, a voz calma, mas com uma ponta de preocupação.
Olhei para ele e tentei forçar um sorriso, mas tudo o que consegui foi um franzir de lábios que logo desapareceu. Eu sabia que não precisava fingir com Pedro.
— Estou... sobrevivendo — respondi, a voz mais fraca do que eu gostaria. — As coisas não estão fáceis, Pedro. As contas médicas da minha mãe continuam aumentando, e a cada dia parece que estou mais afundada em dívidas. Eu não sei mais o que fazer. Estou me afogando.
Pedro ficou em silêncio por alguns segundos, e eu sabia que ele estava escolhendo as palavras com cuidado. Ele sempre fazia isso. Não era alguém que jogava conselhos prontos no ar, sabia que a vida não era tão simples assim.
— Eu sei que parece impossível agora, Isa. E eu não vou mentir, a situação é difícil. Mas você é forte, já passou por tanta coisa. Se alguém pode dar um jeito nisso, é você.
Suas palavras eram bem-intencionadas, mas não consegui evitar a sensação de impotência que me envolvia. Minha mãe... era por ela que eu estava lutando, e a cada dia que passava, parecia que ela estava escapando de mim. O tratamento que ela precisava era caro demais, e cada visita ao hospital era um lembrete cruel de que o tempo estava se esgotando.
— Eu me sinto uma fracassada, Pedro — admiti, a voz embargada. — Eu queria ter feito mais, sabe? Ter conseguido mais. Mas parece que tudo o que eu faço é correr atrás de um sonho que nunca se concretiza. O trabalho... eu pensei que era temporário, só até eu conseguir algo melhor. E agora estou presa lá, sem perspectivas, sem nada.
Pedro inclinou-se para frente, olhando diretamente nos meus olhos, como se quisesse garantir que eu o ouvisse de verdade.
— Você fez o que podia, Isa. E continua fazendo. Isso já é mais do que muita gente faria. Eu sei que você está se sentindo impotente agora, mas não se culpe. Não é sua culpa que as coisas tenham chegado a esse ponto.
Eu queria acreditar nas palavras dele. Queria acreditar que eu estava fazendo o meu melhor, que de alguma forma, tudo daria certo no final. Mas a realidade era implacável. As contas médicas não paravam de chegar, o salário não aumentava, e o emprego estava por um fio. E a cada dia, eu via minha mãe definhar mais um pouco, seu corpo já frágil lutando contra uma doença implacável.
— E quanto ao trabalho? Alguma novidade? — Pedro perguntou, mudando de assunto na tentativa de aliviar a tensão.
— Nenhuma. Acho que não vão demorar muito para me dispensar. A empresa está caindo aos pedaços, e eu não vejo como vão conseguir segurar as pontas. Eu tenho que começar a procurar outra coisa... mas ao mesmo tempo, não posso me dar ao luxo de sair agora. Preciso do dinheiro, por pior que a situação esteja.
Pedro assentiu, compreendendo a encruzilhada em que eu estava. Ele sabia o quanto eu dependia daquele emprego, mesmo que fosse um beco sem saída. E sabia o quanto aquilo me frustrava.
— Talvez essa seja a hora de pensar em outra solução, Isa — ele sugeriu, com cautela. — Sei que não é fácil, mas quem sabe existe uma saída que você ainda não considerou.
— Que saída, Pedro? — perguntei, exasperada. — Eu já pensei em todas as alternativas possíveis. Nenhuma delas vai me tirar desse buraco. E a cada dia que passa, parece que o buraco só fica maior.
Ele não respondeu de imediato. Em vez disso, olhou para mim com aquele olhar que sempre me fazia pensar que ele sabia algo que eu não sabia.
— A vida às vezes nos surpreende, Isa. Eu sei que parece sem esperança agora, mas você nunca sabe o que pode acontecer. Talvez algo inesperado apareça... uma oportunidade.
Balancei a cabeça, soltando uma risada amarga.
— Estou esperando essa oportunidade há anos, Pedro. E olha onde isso me trouxe.
Ele deu de ombros, sem perder o otimismo.
— Talvez ela esteja mais perto do que você imagina.
Eu queria acreditar nele. Queria acreditar que, de alguma forma, algo milagroso aconteceria e tiraria esse peso dos meus ombros. Mas, naquele momento, tudo o que eu conseguia enxergar era o caos. E o tempo, implacável, continuava correndo.
Olhei pela janela do café, observando as pessoas passando apressadas, mergulhadas em suas próprias vidas e problemas. Perguntei-me se algum dia eu teria a chance de viver a vida que sempre sonhei. Porque, naquele momento, parecia que o tempo estava se esgotando para mim também.
— Vamos ver o que o futuro nos reserva, Pedro — murmurei, embora eu mesma não acreditasse nas minhas palavras.
Point's Of View Isabella O repouso forçado estava me enlouquecendo. Nunca fui boa em ficar parada. Sempre precisei de movimento, de controle. Agora, limitada a um sofá com o tornozelo enfaixado e a recomendação médica de não colocar peso sobre ele, eu me sentia prisioneira do meu próprio corpo.A manhã chegou preguiçosa. Os raios de sol atravessavam as grandes janelas da sala, mas ao contrário de outras vezes, não me traziam a habitual sensação de energia renovada. Estava vulnerável, e isso me irritava.Tentei me distrair com o celular, mas as notificações diversas pareciam insignificantes. Coloquei o aparelho de lado e fechei os olhos, respirando fundo. Cada segundo que passava me lembrava que eu não tinha controle total sobre nada. Nem sobre minha vida, nem sobre este casamento que mais parecia um acordo frio e conveniente.— Trouxe café. — A voz de Leonardo me tirou do turbilhão dos meus pensamentos.Abri os olhos e o vi ali
Point’s Of View LeonardoA noite começou tranquila, ou pelo menos assim parecia. Eu tinha decidido encerrar o dia cedo, mas algo na minha mente não me deixava relaxar. Talvez fosse o encontro mais cedo com Ricardo, ou talvez fosse Isabella. Ela estava na cozinha, perdida em pensamentos enquanto organizava algo no armário.Eu a observei à distância, sem ser notado, meus olhos seguindo seus movimentos. Ela sempre exalava uma combinação de força e teimosia que eu não conseguia ignorar. Havia algo diferente nela naquela noite, algo que parecia uma mistura de cansaço e inquietação.Voltei minha atenção para o vinho na minha taça, tentando ignorar a sensação incômoda que se instalava. O silêncio entre nós era algo com o qual eu estava acostumado, mas essa noite parecia mais pesado, como se algo estivesse prestes a acontecer.Então aconteceu.O som de vidro quebrando ecoou pela cobertura, e meu coração deu um salto.— Isabella? — Minha voz saiu mais alta do que eu pretendia enquanto me levan
O dia tinha começado de forma monótona, mas eu estava estranhamente inquieta. Andava pela cobertura tentando ocupar minha mente com qualquer coisa: reorganizar os livros, ajustar alguns quadros ou simplesmente limpar a cozinha. Era algo que eu não fazia com frequência — afinal, havia pessoas contratadas para isso — mas hoje eu precisava me sentir útil, no controle de algo, nem que fosse de um pequeno canto daquela casa que parecia tão grandiosa e, ao mesmo tempo, tão vazia.Decidi limpar uma das prateleiras altas da cozinha, onde algumas taças de cristal estavam guardadas. Peguei uma cadeira para alcançar melhor, embora soubesse que poderia pedir ajuda. Talvez fosse um pouco de teimosia, mas havia algo de libertador em resolver as coisas por mim mesma.Estava concentrada em tirar o pó da última fileira de taças quando senti o desequilíbrio. A cadeira oscilou e, antes que eu pudesse reagir, tudo aconteceu rápido demais. Meu corpo perdeu o apoio, e eu despenquei no chão. A dor irradiou
A noite parecia igual a tantas outras desde que comecei a viver na cobertura de Leonardo. A chuva batia insistentemente contra os vidros das janelas, criando um som ritmado que, de certa forma, era mais reconfortante do que o silêncio esmagador daquele espaço imenso e vazio. Eu estava na sala, tentando terminar um livro que havia começado dias atrás, mas minha mente continuava voltando à conversa com minha mãe."Como conseguimos pagar o tratamento?" A pergunta dela ecoava na minha cabeça como um sino. Não era a primeira vez que me sentia culpada, mas naquela noite a culpa parecia pesar ainda mais. Talvez porque eu soubesse que o preço do que estávamos vivendo era mais alto do que imaginávamos.De repente, as luzes piscaram uma vez, depois outra. O som constante da chuva se intensificou, acompanhado de trovões. A eletricidade se foi, mergulhando a cobertura em uma penumbra inquietante.– Ótimo – murmurei para mim mesma, fechando o livro. Tentei acender o abajur ao meu lado, mas nada ac
O sol entrava pelas enormes janelas, iluminando os tons neutros e sofisticados da decoração. Eu já estava acostumada com o som das minhas próprias respirações e os ecos leves dos meus passos pelo chão de mármore. Mas naquela manhã, algo parecia diferente.Leonardo estava na cozinha. Não na sala de jantar, onde normalmente esperava que o café fosse servido. Ele estava de pé, ao lado da cafeteira, mexendo em algo enquanto segurava uma xícara. A imagem era tão improvável que eu demorei alguns segundos para me aproximar.— Bom dia, Isabella. — Sua voz cortou o silêncio antes que eu dissesse algo. Ele não olhou para mim imediatamente, apenas terminou de mexer o café e o colocou sobre a bancada. — Dormiu bem?Eu hesitei. Leonardo raramente fazia perguntas tão... triviais. Não havia um tom autoritário ou frio dessa vez, apenas um interesse casual que, vindo dele, parecia quase deslocado.— Sim, dormi. E você? — respondi, tentando soar tão casual quanto ele.Ele me olhou de relance, com um le
O apartamento estava em silêncio, o tipo de silêncio que amplificava os pensamentos e tornava impossível ignorar o vazio. Sentei no sofá da sala, as luzes da cidade piscando através das enormes janelas da cobertura. A conversa com minha mãe ecoava na minha mente. Ela parecia tão feliz, tão otimista, e o peso da mentira me esmagava. Por mais que eu justificasse para mim mesma que era por ela, a culpa permanecia.Fiz uma tentativa de afastar os pensamentos, mas era inútil. A solidão da cobertura era quase palpável, como se o espaço luxuoso tivesse sua própria forma de me lembrar do que faltava. Peguei o celular, hesitei por um momento e decidi enviar uma mensagem para Leonardo.– Voltei do hospital.A resposta veio quase de imediato.– Como ela está?A simplicidade da pergunta me desarmou. Ele não era alguém que demonstrava preocupação abertamente, mas havia algo naquele gesto que me fez respirar mais fundo.– Melhor. Está reagindo bem ao tratamento.– Fico feliz por ela.Ler aquelas pa
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