Stella Willians
O saguão da clínica estava silencioso, ou era a tensão que eu sentia nos ombros que estava me fazendo observar isso com maior atenção. Sentada ao lado do meu pai, eu tentava manter a calma enquanto ele preenchia, com uma mão meio trêmula — que eu imaginava ser devido ao nervosismo, mesmo ele dizendo que estava tudo bem — os últimos papéis exigidos para dar início ao tratamento. A caneta escorregava dos dedos com mais frequência do que eu gostaria de admitir, mas ele fingia que não era nada.
— Pai... quer que eu termine isso? — perguntei em voz baixa, tentando manter o tom neutro.
Ele me olhou e sorriu com o mesmo carinho com que me olhava nos últimos dias. Bem diferente de como vinha sendo nos últimos anos, quando eu estava sob o mesmo teto que Irina. Mas havia um vazio por trás daqueles olhos.
— Posso terminar, minha filha. Só estou um pouco cansado. É tudo.
Mas não era tudo. Eu sabia. Os exames mostraram que o quadro dele tinha piorado. O antigo problema nos brônquio