Fazia três anos que Antoine estava casado com Rayssa quando o seu avô Jean, e quem tinha feito o acordo de casamento com a família de Rayssa morre fazendo com que Antoine faça o que queria desde o primeiro dia do casamento, divorciar-se da mulher que para ele representava tudo o que ele não queria para a sua vida, um casamento arranjado e que na primeira oportunidade ela o trairia e levaria parte da sua fortuna para ele se ver livre dela. Mas tanto ele como ela tinham sido obrigados a casar por conta de um acordo que tinha tantos anos como os de vida de Rayssa, foi no dia que ela nasceu que os patriarcas, Jean Dupont e Dennis Lemaire, celebraram esse acordo.
Rayssa sempre soube que o casamento dela não era perfeito, que Antoine era frio e distante com ela e poucas eram as vezes que havia algum contacto físico entre eles, mas duas semanas antes eles tiveram uma noite muito quente, ele foi diferente, carinhoso, intenso e ela ficou com esperanças de que ele tivesse a desenvolver algum sentimento por ela, mas não, ela estava enganada e ele não desenvolveu nenhum sentimento por ela, mas, ela ao longos destes três anos apaixonou-se verdadeiramente por Antoine e por isso ela manteve sempre uma postura firme, dedicada, muito preocupada com tudo o que dizia respeito ao marido e sempre ao lado dele sem questionar o que fosse mesmo sabendo que ele mantinha um caso fora do casamento com a sua amada Eleonora e que era dela que ele queria saber e estar ao lado, mas Rayssa até aquele dia nunca perdeu a esperança de conquistar o coração do seu marido.
Antoine, nunca aceitou o casamento, não que ele tivesse algo contra Rayssa, porque não tinha e durante os três anos de casamento ele nunca conseguiu apontar algo a ela, ela parecia sempre muito empenhada e cuidadosa com tudo e com ele e isso mexia com ele embora ele não demonstrasse, mas ele sempre que ficava tocado por algo de bom que ela fazia ele pensava sempre que fazia tudo parte de um plano dela para o enganar e de o fazer sofrer, por isso ele manteve-se sempre ao lado de Eleonora, a mulher que ele sempre viu com a sua futura esposa, porque ela estava com ele porque o amava e não pelo que ele tinha e sim pelo homem que ele era para ela.
- Rayssa, quero o divórcio – diz Antoine assim que Rayssa entra em casa após enterrarem Jean que tinha falecido dias antes
- O divórcio? – pergunta Rayssa incrédula com o que o marido lhe estava a dizer
- Sim, chega deste casamento infeliz – diz Antoine e só depois disso é que Rayssa repara que Eleonora, o grande amor da vida dele está presente e surge colocando-se do lado dele como que apoiando o que ele dizia
- O seu avô acabou de ser enterrado… - diz Rayssa completamente perdida
- Por isso mesmo, eu quero o divórcio, este casamento só aconteceu por conta do que ele e o teu avô fizeram – diz Antoine sem sentimento nenhum nem nenhum tipo de compaixão por ela – O acordo está aqui, assina e sai da minha vida – diz ele e ela olha a pasta e abre e lê, ela não terá direito a nada, sairá como chegou, com as mãos vazias mas ela assina, ela nunca se casou por dinheiro, e no fim sobe para o seu quarto para fazer as suas malas e quando lá chega ela coloca tudo o que consegue em duas malas e vai embora da casa onde viveu os últimos três anos e onde ela pensava ser um lar para a vida toda, mas ela estava enganada.
Rayssa sai de casa carregando duas malas, sem nada de grande valor e apenas com algum dinheiro que tinha, pois ela não iria levar nada que fosse de Antoine, ela naquele dia sentiu-se traída, desprezada, não apenas pelo pedido de divórcio já com outra mulher ao lado, mas porque ela dedicou-se de corpo e alma a ele e ele não teve um pingo de consideração por ela, ela cuidou dele, do avô dele, dedicou-se durante três anos sem nunca pedir nada em troca e no fim, ela é envergonhada na cerimónia fúnebre de Jean, onde Antoine apareceu com a amante depois de ter estado fora por dois dias, ela cuidou de Jean, e até foi ela que preparou todas as cerimónias fúnebres de acordo com o que o falecido Jean queria e a paga foi ela entrar em casa e ser expulsa, sem nenhum pingo de apreço ou de consideração.
Ao descer as escadas pela ultima vez, ela ouve Eleonora e Antoine, que estavam os dois no escritório dele, eles gemiam, ela ouvia o prazer que eles estavam a ter, e naquele momento ela percebeu que com ela, nunca foi assim, o prazer dele não era audível daquela forma, e naquele momento ela sentiu-se um lixo, algo descartável e vai embora, mas antes deixa tudo o que tinha de Antoine em cima do acordo de divórcio, o cartão de crédito, a aliança, as poucas joias que ele lhe ofereceu e o telemóvel que ele tinha comprado para ela quando num dia em que ele estava chateado partiu o que ela tinha e depois lhe comprou um novo e ela decidiu que não iria levar nada que tivesse vindo de um homem que ela só queria esquecer. Ao sair de casa ela ruma de forma inata para o aeroporto, ela só tem um lugar para ir, ela só tem um lugar que ela pode dizer que é dela, a sua casa em Berna de onde saiu no dia que Jean a foi buscar à Suíça.
- Boa tarde, quero um bilhete para Berna – diz Rayssa assim que chega ao aeroporto e depois de comprar o bilhete, ela senta-se e aguarda oito longas horas até ao voo dela, o voo que a levaria ao local que ela chamava de casa sabendo que a mansão estaria fechada, inabitada, sem vida, e que devia estar em mau estado por falta de cuidado nestes últimos três anos.
Durante o tempo que esperou ela pode ver que o dinheiro que lhe restava era pouco, mas ela teria de arranjar forma de seguir sozinha, e a primeira coisa que faria assim que chegasse a Berna seria arranjar um trabalho, ela não tinha medo de trabalhar, e teria de se agarrar ao que encontrasse