Capítulo 5. Minha

Corina saiu para preparar o café, pois logo o Alfa entraria para comer. Lara ficou pensando sobre o que Corina falou, chegando à conclusão de que aquelas pessoas que rodeavam o Alfa Júlio, não eram boas. Todos os Betas, com família e prósperos, roubavam a Alcateia usando ela como escrava.

Porém, algo que Corina falou a deixou preocupada: o cheiro de sua loba estava aflorando. Isso era um risco, pois o Alfa poderia sentir e descobrir que ela estava ali. O bom é que, com sua loba presente e tendo seu próprio aroma, poderia descobrir mais facilmente de qual alcateia ela era.

Ouviu, durante o banquete do Alfa, que ela era filha de desgarrados, mas isso não era comentado pela Alcateia, não devia ser uma coisa certa, pois se fosse, teriam-na rejeitado ou até matado, assim que a encontraram. Havia algo muito estranho em toda essa história. Quem sabe conseguiria, morando ali, pesquisar algo na biblioteca.

Lembrava bem de quando aprendeu a ler e escrever com a filha do Beta Gomes, ali na biblioteca do casarão, às escondidas. Nem isso queriam permitir que fizesse, estudar. Mas agora, o risco que correu para aprender, valeria a pena, pois procuraria o livro da história da Alcateia e das genealogias, para descobrir tudo que precisava saber.

Alfa Júlio entrou pela cozinha depois de correr com Rufus e imediatamente, sentiu o aroma suave de flores, Rufus logo gritou em sua cabeça:

“ MINHA! “

Procurou pela cozinha e só encontrou Corina.

— Quem esteve aqui, Corina?

— Ninguém, por quê?

— Não sei, senti um aroma de flores.

Ele se aproximou dela e percebeu que o cheiro estava nela mas não era dela

— O que foi, é o cheiro da sua companheira? — perguntou Corina, temerosa.

— Não sei, mas está em você. Com quem você esteve?

— Estive com várias pessoas, fui visitar os pacientes na Clínica.

— Na Clinica? Por quê?

Corina parou para pensar antes de responder, pois se dissesse que foi visitar Lara, ele logo ligaria uma coisa a outra e bastava ela, ter descoberto o segredo: 

Lara era a companheira de Júlio.

“ Pobre criança “, pensou ela, prevendo que, por ser quem é, ele a rejeitaria.

— Gosto de visitar os enfermos, mas não tinha ninguém, conversei só com as enfermeiras e cumprimentei algumas fêmeas no caminho. — Nunca ela mentiu tão descaradamente.

— Sei… o café está pronto?

— A mesa está servida, meu Alfa.

— Obrigado, Corina.

Enquanto comia, Júlio conversava com Rufus, que não se conformava de não ter encontrado sua companheira. Ele tinha certeza de que era Lara e que por tudo que Júlio fez com ela no banquete, deveria ser ela que estava internada na Clínica. 

Rufos insistia com Júlio para irem, imediatamente, à clínica, antes que o cheiro sumisse e a dona dele também.

“Me deixe tomar café primeiro, ela não vai sumir.”

“ Ela pode sumir, sim. Caso tenha se ferido com sua brutalidade, com certeza irá nos rejeitar.” — gritou Rufus na cabeça de Júlio, com muita raiva, quase tomando o controle.

“ Se for ela, serei eu a rejeitá-la. Não podemos ter uma Luna que foi serva a vida toda e nem loba tem.”

Irritou mais ainda, o lobo, que lutava para sair.

“ Como não? Acabamos de sentir o cheiro dela! Não vamos rejeitar nossa fêmea, ou saio e não deixo mais você assumir. “

Para Rufus, nada importava mais do que ter sua companheira consigo. Era algo primordial para ele, principalmente se quisesse ter filhotes.

“ Depois de cem anos esperando, não vai jogar fora nosso futuro e felicidade, por conta de descriminação. Eu quero minha companheira e tá resolvido.” Insistiu Rufus.

“ Você é muito teimoso e quem está no controle, sou eu.”

“ Algo me diz que você vai se arrepender muito por menosprezar nossa companheira. Sua loba está quase na superfície e algo me diz que ela é muito especial.”

“ Esse algo aí deve ser suas bolas, doidas para descarregar. “

“ Idiota… fui.”

Rufus se recolheu no fundo da mente de Júlio e calou-se. Mas a mente do Alfa continuou pensando no que o lobo falou. Todo lobisomem sabia que sua companheira era seu complemento, sua outra metade, só estavam inteiros, quando se encontravam. 

Também, só podiam procriar com elas, a não ser quando ambos rejeitavam o vínculo, então podiam ter a esperança de conseguir um parceiro compatível. Devia ser algo genético, uma combinação específica, que precisava se completar para funcionar.

Pensando nessas coisas, Júlio terminou seu café e saiu, caminhando em direção a Clínica. Não sentiu mais o aroma de flores, mas quando chegou à Clínica, foi informado do que Corina não quis lhe contar.

— Bom dia, Alfa. Quer falar com o doutor sobre a sem família? — perguntou a recepcionista, dando informação que não deveria dar.

— Sim, por favor. Aliás, o nome dela é Lara, por que a chamou de sem família?

— Desculpa, Alfa, mas é assim que todos a chamam.

— Onde está o doutor? — Não quis, ele, insistir no assunto, queria saber logo sobre sua companheira.

— No consultório, pode entrar. — respondeu a recepcionista, envergonhada.

Ele foi para o consultório, bateu e entrou. O médico se espantou em vê-lo. O tamanho do macho Alfa, fez o espaço parecer menor e sua aura imponente, lhe causou temor.

— Bom dia, doutor. Lara está internada?

— Estava, mas já teve alta.

— O que ela teve?

— Quebrou três costelas e feriu os braços. Como ela ainda não tem sua loba, precisei dar pontos nas feridas do braço e enfaixar seu tórax, para as costelas calcificarem corretamente.

— Eu fiz isso a ela? — perguntou ele, sem acreditar que poderia machucar tanto, aquela que podia ser sua companheira.

— Não sei, Alfa, não presenciei a agressão.

— Ela já está boa?

— Não, levará mais uns 20 dias, pelo menos, para que se restabeleça por completo.

Júlio se lembrou que ela não tinha loba e poe isso sua cura era mais lenta.

— Ok, doutor, obrigado.

Saiu do consultório, andou pelos corredores e abriu portas, tentando sentir o aroma de flores, novamente. Mas não conseguia sentir nada. Também esqueceu de perguntar ao médico, quem a levou para casa, então, passou na recepção e perguntou para a fofoqueira:

— Quem levou Lara?

— Foi a senhora Corina, o senhor não a viu em casa.

— Não, vim ver aqui. Obrigada.

“ Eu te disse, é ela, mas você não quis acreditar. “ — falou Rufus, empolgado.

“ Agora você apareceu, só para me jogar na cara. “ —  respondeu Júlio, contrariado.

“ Pior é Corina, que mentiu para nós.”

“ Ela deve ter escondido Lara, Rufus, com medo que eu lhe agredisse novamente.” 

“ Quem mandou você descontar sua frustração, agredindo-a. Nossa companheira está sofrendo e com dor, pode bem nos rejeitar, quando descobrir. “

“ Cala a boca, Rufus.”

Corina ficou de olho no Alfa e depois que ele saiu, correu até o quartinho e pegou Lara, levando-a para o anexo dos empregados. Lara acompanhou Corina, com dificuldade, mas perguntou o que estava acontecendo e Corina explicou:

— Ele sentiu o seu cheiro.

— Então, vai lá no herbário e peça ao Senhor Schein, um spray de ocultação. Vai disfarçar bem o cheiro, principalmente porque ainda tá muito fraco.

— Ótimo, mas mesmo assim, é melhor você ficar longe dele. Vou lá rapidinho. Acho que o Alfa foi na Clínica e ficará sabendo de você, com certeza, levarei uma bronca por ter mentido.

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