Clara caiu da cama levando consigo o lençol. Maurício se escondeu atrás de um travesseiro e olhou para o outro lado da cama, esperando que fosse só uma alucinação causada pelo álcool. Encontrou Clara deitada no chão de olhos fechados, repetindo como se fosse um mantra:
— Isso não tá acontecendo... é só um sonho... isso não tá acontecendo...
— Clara! Você tá bem?
Ela abriu os olhos como se não esperasse que ele falasse. Também suspeitava que ele pudesse ser apenas uma ilusão alcoólica.
— Sai do meu quarto, Maurício!
Ele se levantou e começou a procurar suas roupas. Olhou em volta, voltou para a beira da cama e falou com Clara, que ainda estava no chão:
— Clara, esse aqui é o meu quarto.
— Droga!
Ambos começaram a procurar por suas roupas. Maurício encontrou a cueca em cima do abajur. Clara, ao olhar debaixo da cama, puxou algo curioso: uma caixa de feira cheia de laranjas e um livro: Deus e o Estado de Mikhail Bakunin.
— Mas que diabos é isso?
— Eu não sei... Como a ge