Dona Isadora chegou cedo ao hospital. Estava cansada, mas mantinha a postura impecável.
Desde que Pedro fora internado, os revezamentos entre os filhos e Clara haviam se tornado rotina. Pela manhã, ela mesma fazia questão de estar presente. No período da tarde, Clara assumia os cuidados. À noite, um dos filhos revezava a vigília ao lado do pai. Naquela tarde, porém, algo fora do script lhe chamou a atenção.
Passava pouco das duas da tarde quando a porta do quarto se abriu. Dona Isadora esperava ver apenas Clara, mas para sua surpresa, Henrique entrou junto com ela. Notou que antes de entrar, eles haviam dito algo um ao outro que ela não ouviu e tinham um estranho ar de cumplicidade. Um outro detalhe quase imperceptível que acendeu o alerta em Isadora, foi quando estavam falando sobre o dia e no meio da conversa, Henrique tocou de leve o braço de Clara. Um gesto suave, natural e que provavelmente nem ele nem ela perceberam, mas não era nem um pouco profissional. Ela não disse nada. A