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Capítulo 2 - Estranhamente Tenso

Quando chegou à casa, Clara foi recebida por Dona Isadora e apresentada a um advogado. Era um homem de aproximadamente 37 anos, Clara assumiu que era filho dos patrões devido à semelhança com doutor Pedro: olhos grandes, de um azul mais escuro, e traços fortes. Tinha o sorriso grande e carismático da mãe. Era bonito de um jeito que fazia a gente sorrir ao encontrá-lo.

 

— Prazer, sou Henrique. Vou pegar suas informações e te explicar o contrato.

— O prazer é meu. Só uma pergunta... você é filho...?

— Sim, Henrique Nogueira. Você vai cuidar do meu pai e auxiliar minha mãe.

 

Ele respondeu com um sorriso tão agradável que contagiava o ambiente.

 

Logo após os trâmites legais, Clara foi apresentada à funcionária da casa, Dona Marisa.

 

Muito simpática, além de apresentar cada cômodo, Marisa explicou um pouco sobre a família. O casal vivia sozinho na casa, e só ela e o motorista trabalhavam ali. Tinham 2 filhos: os gêmeos Maurício e Henrique e uma neta, Vivian, que era filha de Henrique.

 

Maurício quase nunca aparecia. Henrique, por outro lado, era muito presente. Ele era dono de um escritório de advocacia com filiais em outras cidades. Dr. Pedro se aposentou há quase 7 anos, e Henrique assumiu a presidência.

 

O casal, segundo Marisa, era fácil de agradar — mas também fácil de desagradar — e, por isso, ela ofereceu um conselho valioso:

 

— Eles se odeiam, mas se protegem. Não tome partido nas brigas de família.

 

Clara achou o conselho estranho. Os dois não pareciam do tipo que briga, mas se Marisa estava ali há tanto tempo e dizia isso, era melhor ficar atenta.

 

Foi solicitado que ela permanecesse até o jantar naquele dia. Como sairia mais tarde, foi permitido que seu filho ficasse por lá. Ela achou melhor que ele esperasse na cozinha.

 

Teve tempo de buscá-lo em casa e se arrumar antes de retornar para o jantar. Escolheu um vestido preto, discreto e sem decote, uma maquiagem leve e acessórios minimalistas. Queria parecer arrumada, mas não demais — só o suficiente para se sentir confortável em meio a tanta gente elegante.

 

Ao se olhar no espelho, não se achava bonita. Tinha 27 anos, cabelos ondulados que gostava de cuidar, pele clara e olhos castanhos amendoados. Se considerava comum. Desde o divórcio, quase não se sentia mulher. Normalmente, era só a mãe do Antônio; outras vezes, a pobre coitada que o ex-marido largou. Mas, na maior parte do tempo, se sentia ninguém.

 

Mas ela tinha um trabalho a fazer, e não havia tempo para lamentações. Voltou à casa dos Nogueira e assumiu seu posto, enquanto o filho a esperava na cozinha.

 

O clima, embora amigável, escondia uma tensão.

 

Henrique chegou acompanhado de dois diretores do conselho da empresa, e seu pai ficou feliz em rever os colegas. As esposas se reuniram em torno da esposa do chefe quase como se fosse um ensaio de teatro. Tudo parecia ensaiado.

 

Foi então que o outro filho chegou.

 

Os irmãos não eram gêmeos idênticos, e apesar de compartilharem algumas semelhanças físicas, não poderiam ser mais diferentes.

 

Maurício era um pouco mais alto e mais forte que o irmão. Tinha o mesmo tipo de rosto, mas com uma expressão mais séria. Os cabelos eram mais claros, e os olhos tinham uma cor muito bonita, que lembrava âmbar. Era o homem que discutiu com Dona Isadora no dia anterior — agora Clara percebia as semelhanças familiares e que ele havia a chamado de mãe.

 

Quase todos na casa pareciam incomodados com a chegada de Maurício. Ele, por sua vez, parecia apenas focado — como se estivesse ali por obrigação. Esse foco, no entanto, foi interrompido pelo irmão. Os dois deram sorrisos genuínos ao se verem e se abraçaram com carinho. Passaram algum tempo conversando, até que Dr. Pedro pediu que Clara o ajudasse a caminhar até a biblioteca. Ao passar próximo a Maurício, pediu que ele o acompanhasse também.

 

Clara os deixou conversando e foi até a cozinha ver como estava seu filho.

 

Ao chegar lá, viu que Antônio e o motorista tinham virado amigos. Estavam comendo alguns doces, sentados na soleira da porta da cozinha, conversando como velhos conhecidos.

 

— Ah, pronto... já fez amizade e ainda filou um rango?

 

— Ele ofereceu, mãe! — disse o menino, sorrindo.

 

Ela se dirigiu ao motorista:

 

— Prazer, sou a Clara. Você é o Igor, certo?

 

— Sim. Bem-vinda ao trabalho — respondeu ele com gentileza.

 

— Obrigada. E obrigada por oferecer os doces ao meu filho, mas não deixa ele mal acostumado, não. — riu.

 

Foi então que Henrique apareceu na porta da cozinha e disse:

 

— Fui eu que ofereci. Ele podia comer, né?

 

— C-claro! Ele pode sim. Obrigada pela gentileza. Eu só vim ver se ele não tinha arrumado nenhuma encrenca.

 

— Fica tranquila — respondeu Henrique com um sorriso.

 

Clara achou aquilo muito legal. Eram pessoas agradáveis, e nada deixa uma mãe mais feliz do que ver pessoas sendo gentis com seu filho.

 

Ao voltar para a sala, viu Maurício saindo da biblioteca, visivelmente tenso, indo embora logo em seguida. Então entrou e encontrou Dr. Pedro irritado, andando de um lado para o outro com as mãos para trás. Estava tão nervoso que nem parecia ter dificuldade para se mover.

 

Ele apenas pediu que Clara esperasse do lado de fora.

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