Na manhã seguinte, Helena acordou antes do sol. Como sempre.
A primeira coisa que fez foi checar o monitor da vigilância. Leonardo dormia.
Tranquilo. Sozinho. Mas havia tensão em seu corpo até no sono.
A mesma que ela reconhecia nos soldados no dia anterior à batalha.
No andar superior, Gabriel já estava acordado, brincando com o ursinho e desenhando tanques em seu caderno.
Helena sentou-se ao lado dele e passou os dedos no cabelo bagunçado do menino.
— Dormiu bem, Leãozinho?
Ele assentiu, sorrindo.
— O moço vai ficar aqui mais tempo?
— Sim, por enquanto. Ele está em perigo.
— Você vai proteger ele igual protegeu o papai?
Helena respirou fundo.
As memórias vinham como facas escondidas entre palavras inocentes.
— Vou, meu amor. Com tudo que eu sou.
Horas depois,
Leonardo apareceu na cozinha improvisada da base.
Vinha descalço, com os cabelos levemente desalinhados e uma camisa preta.
Era outro homem. Ou talvez, o mesmo homem, despido da casca pública.
— Bom dia.