A sala de interrogatório é fria e mal iluminada. O ar é denso, cortado por um zumbido quase imperceptível da iluminação fluorescente fraca no teto. As paredes de concreto manchadas, a mesa de metal riscada e as cadeiras desconfortáveis completam o cenário frio.
O detento, José Mendes, um soldado da máfia, treme dos pés à cabeça. Seu corpo curvado parece menor do que realmente é, encolhido como um animal acuado. As algemas rangem com cada movimento involuntário, e seus olhos vasculham o ambiente como se buscassem uma saída invisível — ou um monstro escondido nas sombras.
Dante entra primeiro. A jaqueta de couro preto, a postura controlada, o olhar afiado. Atrás, Celina fecha a porta com um estalo seco, posicionando-se na cadeira ao canto da sala, o bloquinho apoiado nos joelhos cruzados, a caneta entre os dedos.
Dante se senta diante do homem, inclina-se um pouco para frente, apoiando os antebraços na mesa de metal, com a calma controlada de quem está habituado a lidar com o pior tipo d