Começando como babá

Amélia se olhou no espelho e sorriu. Os cabelos, soltos, desciam em ondas suaves pelos ombros, refletindo a luz suave da manhã que atravessava a janela do quarto. O vestido branco, salpicado de pequenas cerejas, realçava a leveza do seu semblante. Calçava sapatos simples e confortáveis, o que ela achou ser uma escolha prática para um dia quente em Londres.

Eram seis e meia quando se sentou à mesa com uma xícara de café e o celular à mão, estudando o trajeto até a mansão Blake. Quarenta minutos a pé, menos de dez de carro. Ela sorriu com a decisão já tomada, preferia caminhar. Precisava sentir o ar fresco, o cheiro de pão das padarias e o burburinho das ruas.

Antes de sair, deixou um pequeno post-it amarelo na geladeira:

“Bom dia, Tess. Boa sorte com o novo projeto. Te vejo à noite!”

Fechou a porta às sete em ponto, ajustando a alça da bolsa no ombro. Colocou os fones de ouvido, e à medida que caminhava, o som suave da música misturava-se ao ritmo dos passos. Cada quarteirão parecia uma página em branco que ela finalmente começava a escrever.

Exatos quarenta minutos depois, Amélia parou diante dos altos portões de ferro da mansão Blake. O lugar impunha respeito, colunas brancas, jardins impecáveis e uma fachada moderna, cercada por árvores perfeitamente alinhadas.

Respirou fundo antes de tocar a campainha.

O portão se abriu com um som suave e dela se aproximou um homem de cerca de cinquenta anos, postura ereta e sorriso acolhedor.

— Bom dia. A senhorita deve ser Amélia Hart, certo? — disse com uma leve reverência. — Sou Fillip, o mordomo da casa. É um prazer recebê-la. Por aqui, por favor.

— Bom dia, Fillip. O prazer é meu. — respondeu com um sorriso gentil, seguindo-o pelo caminho ladeado de flores recém-podadas.

Ao atravessar o saguão principal, Amélia sentiu um leve aperto no peito.

O mármore branco, o brilho dos lustres e o eco distante dos próprios passos a levaram de volta às lembranças que ela jurou deixar para trás.

A mansão Blake era ainda maior que a mansão Bennet, onde viveu durante dezoito anos mas, curiosamente, o ar ali parecia menos frio.

— Bom dia, senhorita Hart. — Damian apareceu no pé da escada com seu terno azul escuro feito sob medida. — Chegou cedo.

— Bom dia, senhor Blake. — Amélia sorriu levemente. — Queria conhecer o trajeto que farei todos os dias, então acabei saindo um pouquinho mais cedo do que o comum.

— Entendi, tudo bem. — Damian balançou a cabeça e começou a descer as escadas. — Já tomou café? Pedi para o chefe preparar o café para você e Noah.

— Agradeço a gentileza, eu já comi.

Damian encarou Amélia assim que desceu o último degrau da imensa escada. A marca de nascença em seu ombro o fazia lembrar constantemente da noite em que se conheceram, mas Amélia não parecia se lembrar, ou talvez soubesse esconder bem.

— Tudo bem então. — Damian pigarreou afastando as lembranças daquela noite. — Mais tarde Fillip mostrará a casa para você, vou aproveitar que chegou mais cedo e irei repassar algumas coisas com você. Me acompanhe, por favor.

Amélia assentiu e seguiu Damian em silêncio, a casa não tinha nenhuma ponta de cor, apenas o monocromático cinza e branco. Cada cômodo parecia irradiar a personalidade do magnata da tecnologia, mas tinha uma parte que era claramente o espaço do Noah.

Era um pequeno parquinho do lado de fora, com escorregadores, uma caixa de areia e uma casinha para ele. Amélia se perguntava o que poderia ter lá dentro e um sorriso involuntário abriu-se em seu rosto. Era nítido o quanto ele era amado pelo pai.

Damian abriu a porta de um imenso escritório com diversas telas espalhadas pela mesa dele e pediu para que ela se sentasse na poltrona.

— A chamei para entregar isso aqui. — Damian deslizou um cartão black pela mesinha que os separava.

Amélia arregalou os olhos para o cartão e encarou Damian. O homem não disse nada, apenas deslizou uma chave de um carro em sua direção e deu um leve sorriso.

— A senha eu te envio por mensagem, mas use o cartão para tudo, se Noah quiser um brinquedo, pode comprar, se ele ficar com vontade de comer alguma coisa, compre, não precisa nem perguntar. E se você quiser comer alguma coisa, pode usar também. — Damian a encarou e desabotoou um dos botões do seu paletó. — O carro você pode usar a vontade para ir e vir do trabalho, além de usar com Noah, lógico. 

Amélia assentiu ficando chocada com tudo o que Damian estava oferecendo. O cartão era ilimitado e ele estava dando a uma desconhecida que cuidaria do seu filho durante a semana.

— Eu tenho um chefe de cozinha particular, mas ele prepara apenas o café, almoço e jantar, normalmente eu compro alguma coisa para o café da tarde, então se alguma coisa não a agradar pode pedir para ele mudar o cardápio, ou você mesma pode preparar a comida. — Damian começou a se levantar. — Está quase na minha hora de ir, vou tomar meu café da manhã. O Fillip a levará até o quarto de Noah, acho que ele ainda não acordou.

Amélia se levantou e o seguiu até a porta, onde Fillip já esperava Amélia com um sorriso educado.

— Noah já está acordado, senhorita Hart. — Fillip começou a caminhar e Amélia deu uma última olhada para trás antes de começar a seguir o mordomo.

— Fico aliviada que eu não terei que acordá-lo. — Amélia disse rindo fraco. — Onde posso deixar minha bolsa?

— Pode ser no quarto de Noah, você passará muito tempo com ele, então não tem problema nenhum. 

Amélia subiu as escadas e arfou quando viu a quantidade de quartos pelo corredor. Mas não fez nenhum comentário, apenas continuou seguindo o mordomo e quando ele abriu a porta, o rosto do pequeno Noah iluminou o ambiente.

— Bom dia, pequenino. — Amélia disse sorrindo enquanto colocava sua bolsa em cima da poltrona do quarto.

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