Mundo ficciónIniciar sesión— Ela sabe que você tem câmeras pela casa toda? — a voz de Aaron rompeu o silêncio do escritório, fazendo Damian erguer os olhos do monitor.
O magnata estava concentrado nas várias telas diante de si, cada uma mostrando um canto da mansão. Nenhum lugar escapava do alcance das câmeras, exceto, por respeito, aos banheiros. A vigilância era absoluta. E, ultimamente, seu principal foco era uma pessoa: Amélia Hart. Damian bloqueou as imagens com um toque, o brilho frio das telas sumindo diante do rosto sério. — Você anda ousado, Aaron. — respondeu, sem disfarçar o tom cortante. — O que faz aqui? — Sou seu secretário, lembra? — o homem respondeu com ironia leve, aproximando-se da mesa e deixando uma pilha de pastas diante dele. — Trouxe os relatórios e contratos que precisam da sua assinatura. Damian folheou os papeis rapidamente. — Nada que me surpreenda. — murmurou, sem levantar os olhos. Aaron cruzou os braços, estudando o amigo. — Você ainda não respondeu. A senhorita Hart sabe das câmeras? Damian levantou o olhar, o semblante endurecido. — Não. E não vai saber. O silêncio pairou por um instante, quebrado apenas pelo som dos ventiladores do computador. Aaron apoiou as mãos no encosto da cadeira à frente. — Você pediu para eu investigar essa garota há duas semanas. Já descobri o suficiente, mas parece que nada é o bastante pra você. Damian continuou em silêncio, esperando. — Amélia Hart, vinte anos. Filha de Catherine Hart e Richard Bennett. Cresceu cercada de luxo, mas trabalhou por mais de um ano como atendente em uma cafeteria. Mora com a melhor amiga em um apartamento de luxo no centro de Londres, aparentemente ela só paga pelas contas do mês, o restante é pago por Simon e Fiona Collins, pais de Tessa Collins, a desenvolvedora junior que trabalha na nossa equipe. Mudou o sobrenome, cortou qualquer laço público com o pai e não há registros de contato entre eles desde o baile. — Aaron fez uma pausa e o encarou. — É uma garota normal, Damian. Nada além disso. Damian largou a caneta e recostou-se na cadeira. — Então me diga por que uma garota “normal” abandona tudo no dia do baile mais importante do pai, desaparece por dois anos e, de repente, aceita trabalhar como babá do meu filho? Aaron arqueou as sobrancelhas. — Você acha mesmo que ela tem algo a ver com o que aconteceu naquela noite? Damian desviou o olhar para o monitor, onde o sistema de câmeras piscava em espera. — Sinceramente? — respondeu com a voz fria. — Depois do que vi naquela noite, acredito que qualquer um seria capaz. Aaron o observou por alguns segundos, mas não insistiu. Damian já havia voltado sua atenção aos papeis, os dedos retomando o movimento firme sobre o teclado. As câmeras voltaram a acender uma a uma, revelando novamente cada canto da casa. E no centro de uma das telas, Amélia aparecia ninando Noah, completamente alheia ao fato de que era observada. Damian a observou por mais alguns minutos antes de pegar seu bloco de notas e fazer sua anotação. Sempre que via algo suficientemente importante sobre as atitudes de Amélia, ele anotava. Na casa, Amélia ninava Noah suavemente depois dela passar a manhã toda correndo pela casa enquanto brincava e depois de ter almoçado dois pratos de risoto de camarão. — Senhorita Hart? — Fillip pediu licença e entrou no quarto de Noah. — Vou precisar dar uma saída, vou ao mercado comprar os itens de limpeza e comidas que estão começando a acabar. Você precisa de alguma coisa? Ou algo para o Noah? — Não, estamos bem. — Amélia sorriu cobrindo o corpinho de Noah agora que ele já estava dormindo profundamente. — Na verdade, poderia comprar mirtilos? Irei fazer um bolinho para quando o Noah acordar. — Claro, alguma coisa mais? — Amélia negou com a cabeça e Fillip sorriu saindo. Enquanto Fillip saia para fazer compras e Noah dormia tranquilamente em seu berço, Amélia aproveitou para sentar-se na poltrona e ler seu livro. Após começar a morar com Tessa e começar a trabalhar na confeitaria, Amélia sentia que precisava de alguma coisa para fazer para desestressar, ainda mais agora que não tocava mais piano. Sem um namorado, sem amigos além dos colegas da confeitaria e Tessa, Amélia se viu inclinada a ler romances, romances majoritariamente eróticos. Ela sentia que seriam a pitada de calor que sua vida precisaria. Não sabia ao certo quanto tempo havia passado quando ouviu uma batida na porta, Fillip abriu a porta calmamente para não fazer barulho e sorriu para Amélia. — Encontrei os mirtilos. — Ah, perfeito. — Amélia disse baixinho enquanto guardava o livro na bolsa e se espreguiçava. — Vou preparar o café da tarde, acho que Noah vai dormir por tempo suficiente até eu terminar. Fillip assentiu e sorriu abrindo ainda mais a porta para dar espaço a Amélia. Amélia caminhou animadamente até a cozinha e começou a preparar cupcakes de mirtilo, queria fazer apenas o suficiente para o café da tarde de Noah e o dela, mas acabou se perdendo nas medidas e quando viu, já estava fazendo uma dúzia de cupcakes. Noah acordou nesse meio tempo e Amélia o pegou o levando até a cozinha enquanto ela finalizava todos os preparativos para o café da tarde. — Vamos comer bolinhos. — Disse Amélia para Noah que estava entretido com os mirtilos restantes. — Boinho. — Noah sorriu para Amélia com a boca suja e ela riu. O café da tarde foi tranquilo, Noah comeu dois cupcakes e Amélia comeu apenas um, muitos haviam sobrado e ela perguntou se Fillip gostaria de provar, ele, meio sem jeito, aceitou e a elogiou pelo seu aparente talento na cozinha. Quando olhou o relógio, viu que estava quase na hora de Damian sair do trabalho, então ela mandou uma mensagem para ele. “Senhor Blake, não precisa passar na padaria, eu fiz um café da tarde e acabei fazendo muito, além disso Noah já comeu. São cupcakes de mirtilo, espero que você goste.”






