O coração de Skyla se apertou, apesar da palpitação, ao se lembrar dos rumores sobre ele.
— Não, ele nunca seria o meu companheiro, porque ele tem uma companheira.
— Ele tinha... — contou Leona.
Drika concluiu, com um tom de medo na voz:
— Falaram que ele cometeu o pior crime dos licans: ele matou a sua própria companheira.
- Dizem que é por isso que o filho dele, que é um adolescente, é um rebelde sem causa. - Conta Leona preocupada.
Skyla sorri nervosa.
- Ainda é impossível que ele seja o meu companheiro. - Seu sorriso se torna preocupação. - Afinal, a Deusa da Lua, não seria tão cruel assim comigo, seria?
Cansada, Skyla resolveu ir para casa depois de tomar um banho demorado na casa de Leona. A água quente conseguiu lavar a sujeira da festa e, superficialmente, a vergonha, mas não o aroma teimoso de pinho que parecia estar impregnado em seus ossos.
Ao se vestir, ela parou em frente ao espelho. Com o corretivo emprestado de Leona, tentou cobrir a marca no pescoço. O corretivo não disfarçava a protuberância ou a pulsação dolorida, apenas mudava a cor. Era uma camuflagem ridícula, mas era tudo o que tinha.
Enquanto terminava de se arrumar, ela se lembrou do nome: Blaine. O Beta dos Lobos da Lua Vermelha. Taciturno. Leal. Um nome que emanava perigo, a lealdade focada em Cedric Belmont, o Alfa misterioso que supostamente matara a companheira.
Assim que Skyla saiu, ela pediu para ir sozinha. Precisava caminhar e absorver o peso de sua nova realidade. Era só algumas quadras até sua casa, mas havia muito o que pensar. Sua mente fervilhava com todo o ocorrido nas últimas horas.
No entanto, ela não esperava encontrar Cillion Night no caminho. A visão dele a fez parar bruscamente, e seu coração tremeu, uma mistura de culpa e medo.
Cillion sorriu, o sorriso do lobo nobre e confiante, se aproximando e a abraçando com força possessiva.
— Aonde você estava? — Ele a repreendeu, a irritação velada por trás do tom de companheiro preocupado. Ele a afastou, inspecionando-a, antes que seu sorriso retornasse, largo e falso. — Estava preocupado com você, meu amor.
Skyla se afastou sem jeito. O toque dele não lhe causava nada, exceto a dor latente de sua mentira. Ela o traíra, e ainda fora marcada por outro.
Ela sorriu suavemente. Era uma máscara, seu sorriso não chegava aos olhos azuis que escondiam o medo de uma sentença de morte. Suas amigas haviam implorado para que não contasse a ele sobre o que fizera. Ganhar tempo.
— O que faz aqui? — ela perguntou, tentando soar casual.
— Achei que gostaria de companhia para casa — ele respondeu.
Ela sorriu de novo, um sorriso verdadeiro de gratidão desta vez, pois ele sempre era tão bom para ela. Era por isso que ela acreditava nele sobre serem companheiros, ele representava a única bondade em sua vida, a única salvação de sua família cruel.
Eles caminharam de mãos dadas pela rua principal da cidade.
Como de costume, ela percebia olhares maliciosos e fofocas sussurradas.
Ser uma lican sem lobo a fazia ser o alvo constante de sua alcateia.
Ela sentia a humilhação do escrutínio, a vergonha de não poder trabalhar ou treinar, pois seu Alfa não permitia.
Eles passavam na frente da Casa do Alfa, próximos ao gazebo da cidade, quando ela percebeu uma figura robusta saindo com o Alfa Viper, de sua casa.
Seu coração salta uma batida, e ela largou a mão de Cillion, o pânico cortando a doçura da caminhada. No exato momento, ela reconheceu o homem: era Blaine, o Beta dos Lua Vermelha.
O Beta Blaine era um belo homem de 1,90 metros, forte e imponente. Ele usava um terno xadrez sobre uma blusa escura e óculos que lhe davam uma aura ainda mais taciturna e calculista.
Ao caminhar para o carro, Blaine a avistou. Seus olhos se cravaram nos dela, e Skyla sentiu seu coração palpitar de nervoso.
O olhar dele a observava, frio e sem emoção, mas havia um sorriso sutil e satisfeito curvando seus lábios.
Parecia um reconhecimento.
Ele a cumprimentou suavemente, o olhar ainda fixo, e entrou no carro, partindo.
Angustiada, Skyla acelerou o passo para casa. A presença de Blaine era um lembrete do homem que a marcou na festa da piscina.
— Preciso ir, Cillion. Estou com uma dor de barriga repentina — ela mentiu, a mentira tornando-se um reflexo.
Era angustiante estar na presença desse Beta, que parecia tão leal e fiel ao Alfa que poderia ter matado a própria companheira.
Cansada e à beira de um colapso nervoso, ela correu para dentro de sua casa, ignorando a sala e os cômodos de seus pais, antes que eles pudessem abordá-la novamente.
Ela correu para seu quarto, fechando a porta com um estrondo.
Mas, ao terminar de trancar a porta, seu coração acelerou. Suas pernas ficaram fracas, o corpo esquentou, e uma onda de vertigem a atingiu. Não por medo, mas por necessidade. Ela sentiu o aroma avassalador de pinho que tanto ansiou reencontrar.
Skyla se virou, surpresa, os olhos azuis arregalados, vendo seu companheiro desconhecido sentado, calmo, na sua cama, a observá-la. Ele usava uma blusa verde básica e calça jeans, mas sua presença era mais forte que qualquer uniforme militar.
— Aonde você estava? — perguntou ele, a voz monótona, mas carregada de uma autoridade que a fez tremer.
Mas ao vê-lo, ela se sentiu no cio novamente. O calor que ele irradiava era uma resposta direta à marca que ele havia feito. Isso a deixou quente e fraca. Ela cambaleou, recostando-se na porta, com a respiração pesada.
— Como? — Ela balbuciou, corada, o medo e a atração lutando em seu rosto.
Ele sorriu, mas era um sorriso malicioso e perigoso, percebendo o cheiro de sua excitação atiçada.
— Você me quer novamente, não é?
Incapaz de responder racionalmente, Skyla se limitou a concordar com a cabeça, o pescoço doendo, a marca pulsando. Estava sem jeito e impotente.
Ele suspirou. Não havia gentileza em seu gesto, apenas comando. Bateu na cama com a mão, em um gesto imperativo, mandando:
— Venha aqui.
O olhar dourado dele estava preso nela, penetrante e faminto. Skyla se arrepia, a pele arrepiada em submissão. Ela obedeceu, os pés a levando até ele, sentindo a calcinha instantaneamente encharcada. Ela havia acabado de condenar seu futuro, e mal podia esperar para ceder a essa perigosa atração novamente.
Ela caminha cautelosa até ele, cada passo uma traição ao seu noivo. O coração estava acelerado, martelando no peito, e o calor da marca se intensificava com a proximidade dele.
Tentando ignorar a fraqueza em suas pernas, Skyla tentou balbuciar, forçando a voz a sair:
— Quem?
Ele a observou com seus olhos ambares fixos nela. Não eram apenas olhos bonitos; pareciam perfurá-la, como se a atravessassem e enxergassem todos os seus segredos: a ausência da loba, a mentira sobre Cillion, o inferno de seu lar e a culpa daquela noite.
— Quem? Eu é que pergunto quem? — A voz dele era grave, um trovão que ressoou em seu peito. O som gutural a fez sentir como se um raio a atravessasse, atiçando seu cio novamente a um nível insuportável.
Nervosa, e tentando desesperadamente manter a cabeça no lugar, ela cruzou as pernas, pressionando-as juntas na tentativa inútil de conter a umidade e a necessidade. Ele sorriu, o gesto malicioso ao ver sua hesitação e seu desespero físico.
— Quem... Quem é... Você? — ela conseguiu formar as palavras, a voz rouca.
Ele se recostou nos travesseiros, desfrutando do poder que tinha sobre ela.
— Seu companheiro. Mas você fede a outro macho. E não é um cheiro fraco. É um rastro de possessão.
O choque a atingiu com força. Ele não apenas sabia que ela tinha estado com outro; ele a estava acusando de um crime primal. Ela o observou, nervosa, tentando assimilar o que ele acabava de falar. Seus joelhos começaram a se tornar moles como gelatina, e o chão parecia afundar.
“— Maldito cio. Ele está me consumindo, sem a loba para lutar!”
Tentando se conter, mas não conseguindo evitar um arfado alto por estar no limite da resistência, ela balbuciou, a negação sendo seu último refúgio.
— Im... Impossível...
A vendo trêmula, fraca e à beira do colapso, ele se levantou. O movimento foi calmo e perigosamente lento. Seu olhar âmbar fixo nela, ele caminhou monotonamente até ela, diminuindo a distância entre eles.
— O que é impossível? — Ele parou a apenas alguns centímetros. — Eu ser o seu companheiro? Ou você me contar sobre esse macho?
Ele tocou seu rosto. Seus dedos eram grandes e quentes, descendo pela pele macia. O toque, que deveria ser de carinho, era de interrogatório. Skyla gemeu sem querer, uma rendição forçada pelo laço da marca.
Ele sorriu, o sorriso implacável do Alfa que não admitia ser enganado. Estava pronto para aprofundar a tortura, quando Blaine sussurrou mentalmente para seu alfa.
— "Cillion, o filho do Alfa Viper, a levou para casa."