2 - Problemas

POV SASHA MENDONÇA:

— Finalmente — digo, me jogando no sofá.

Tiro os sapatos e me arrasto até as escadas.

— Vocês podem continuar com os seus afazeres — digo para as empregadas, sem olhar para trás.

Subo degrau por degrau como se cada um fosse uma maratona. Ao chegar no corredor, viro à esquerda e empurro a porta do meu quarto com o ombro. Entro e fecho a porta com o pé.

Jogo os sapatos em um canto qualquer do quarto. Caminho direto até o closet, abro as portas e tiro o vestido, deixando-o cair no chão. Tiro o sutiã logo em seguida, sem me preocupar onde vai parar.

Vou até o banheiro anexo. Acendo a luz. O mármore frio sob meus pés me faz estremecer um pouco. Abro a torneira da banheira e giro os botões até acertar a temperatura morna. Pego um frasco de sais de banho e despejo um pouco na água corrente. Um aroma leve de lavanda começa a subir com o vapor.

Enquanto a banheira enche, prendo o cabelo em um coque frouxo. Passo a mão no espelho, que já começava a embaçar, e o limpo com a palma. Checo meu rosto brevemente e depois me viro.

Desligo a torneira, testando a água com a mão. Está perfeita. Subo com cuidado e me afundo lentamente até a água cobrir meu corpo.

Me deixo escorregar, apoiando a nuca na borda da banheira. Fecho os olhos. O vapor me envolve.

Minutos se passam até que finalmente saio da banheira e pego a toalha felpuda ao lado. Enrolo-a no corpo, caminho até o closet e escolho uma roupa simples, mas elegante: uma blusa branca justa de mangas longas e uma saia preta até os joelhos. Visto-me rapidamente, calço umas rasteirinhas e prendo o cabelo em um coque bagunçado.

Desço as escadas lentamente, indo até a cozinha. As empregadas já estão terminando o preparo do almoço.

— Eu ajudo aqui — digo, aproximando-me.

Pego uma tábua de cortar e começo a fatiar tomates. Depois, arrumo a salada, organizo os pratos e ajudo a montar a mesa de forma caprichada.

— Pode deixar que eu levo — falo, pegando a travessa principal.

Coloco tudo na mesa com cuidado e me sento na ponta, ajeitando os talheres em silêncio. Respiro fundo, olho para o relógio e cruzo as pernas sob a cadeira.

Ajusto o guardanapo sobre o colo e olho brevemente para os pratos já dispostos. Estendo a mão até o copo e dou um gole pequeno de água. Afasto um fio de cabelo do rosto e olho para frente, sem sinal do monstro.

Ouço passos se aproximando. Akon puxa a cadeira à minha frente e senta-se com calma.

Seguro o garfo com a mão direita, mas não começo a comer, pois tenho que esperar o meu marido comer primeiro.

O idiota fica minutos organizando o guardanapo, antes de finalmente dar a primeira garfada.

Ele leva o garfo à boca com calma, cortando pequenos pedaços da comida.

Não trocamos palavras. Continuamos comendo no mesmo ritmo, mas em quantidades diferentes, cada um focado no próprio prato.

Só porque eu tenho que me comportar como uma dama, não significa que eu tenha que morrer de fome.

Ele termina de comer e limpa a boca com o guardanapo. Se levanta e o j**a sobre a mesa.

— Estarei no seu quarto esta noite — diz, sem olhar para mim.

Não respondo. Ele ajeita o paletó e sai da sala.

Minha mente fica processando por minutos, até que finalmente caio na real.

Sou lerda? Sou!

Mas… ele disse que vai estar no meu quarto.

Será que ele quis dizer que… ah, não.

Se ele fizer o que eu estou pensando, vai descobrir que eu sou virgem. Que eu nunca me envolvi com ninguém. E vai desconfiar de mim.

— Aiii… merda!

Com pressa, ignoro toda a etiqueta e como rápido, porque tenho que resolver esse maldito problema.

Assim que termino de comer, corro até o meu quarto. Pego a minha bolsa preta, jogo-a em cima da cama e começo a colocar as coisas sem pensar muito.

Primeiro, os cartões de crédito que ele me entregou dias atrás. Nunca os usei, mas agora talvez precisasse.

Depois, vasculho uma gaveta e pego um maço com algumas notas de dinheiro. Enrolo com um elástico e jogo dentro também.

Abro a gaveta do criado-mudo, pego um batom vermelho escuro, um espelhinho de bolso, um pente pequeno e um elástico de cabelo extra. Tudo vai direto pra bolsa.

— Merda, absorvente! — resmungo, correndo de volta pro banheiro.

Abro o armário inferior e puxo a caixa. Pego três absorventes e os enfio dentro de um nécessaire bege, junto com um lenço umedecido e um frasco pequeno de perfume.

Passo os olhos ao redor, pensando rápido. Pego um carregador de celular, um par de óculos escuros e coloco na bolsa.

Coloco a alça da bolsa no ombro, pego o nécessaire e olho para o espelho.

— Respira, Sasha. Tu é Mendonça. Tu nasceu pra ser forte.

Desço as escadas apressada, de rasteirinha mesmo. As empregadas me olham de canto, mas ninguém diz nada. Melhor assim.

Peço ao motorista que me leve até a casa dos meus pais — e que vá em alta velocidade.

Em poucos minutos, já estou na porta da casa deles.

Corro como louca pra dentro. A empregada da minha mãe me olha assustada quando me vê passando.

— Cadê a minha mãe?

— Ela está no salão. Boa tarde pra senhorita também — diz ela, com ironia.

Dou um sorriso amarelo, sem paciência.

— Boa tarde.

Dou meia-volta e peço ao motorista que me leve pro salão onde minha mãe sempre vai.

Chegando lá, entro já procurando ela com os olhos.

— Sasha? — ouço a voz da recepcionista, surpresa.

— Onde está minha mãe? — pergunto, sem rodeios.

— Está na cabine três, fazendo as unhas — responde, apontando com o queixo.

Nem agradeço. Caminho direto até a tal cabine e abro a porta com tudo. A manicure se assusta, e minha mãe vira o rosto, arregalando os olhos.

— Sasha? O que foi?

— A gente precisa conversar, mãe. Agora — digo, séria.

Ela olha para a manicure, depois pra mim.

— Pode nos dar um minutinho? — pede, mantendo a elegância apesar do susto.

A manicure sai, visivelmente incomodada.

Fecho a porta atrás dela.

— O que houve, Sasha? Tu tá pálida.

— Mãe… o monstro disse que vai estar no meu quarto hoje à noite.

Ela franze a testa.

— E?

— E eu ainda sou virgem, mãe! — sussurro, desesperada. — Se ele descobrir, vai começar a achar que eu não sou realmente a Sasha. Vai desconfiar de tudo!

Ela me encara por um instante, finalmente entendendo a gravidade da situação.

— Você é a Sasha. E não te ensinei a correr de problema. Tu enfrenta. Com classe. Com controle. E com estratégia.

— Estratégia? Como é que eu vou ter estratégia nua? E além disso, eu tenho certeza que ele sabe que a Sasha não era mais virgem!

— Merda... — ela pragueja, pela primeira vez perdendo o controle por um segundo.

— Aiii... ele vai me matar.

— Você pode... Não, na mesma ele iria te matar — ela responde, como se fosse a coisa mais lógica do mundo.

— Quê?! Por que você tá dizendo isso desse jeito?

— Mas tu que disse que ele ia te matar mesmo.

— Quando eu digo, é... normal. Mas quando você diz, isso me dá mais medo.

Ela fecha os olhos, pensa por um momento... e então:

— Já sei! — diz, me dando alguma esperança. — Às vezes, quando uma mulher fica muito tempo sem fazer sexo, ela sangra. Tu diz pra ele que fazia muito tempo que não transava.

Reviro os olhos com o plano estúpido da minha mãe.

— Nem tu acredita nisso. A Sasha parecia que tava no cio, toda hora. E todos sabem disso.

— Tens ideia melhor?

— ...Não — respondo, quase chorando.

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