EULÁLIA — Quando chegou aqui? Meu coração batia rapidamente no peito. — Estou aqui desde o seu dilema de importar... e pena me irritar ao máximo. — Se aproximou. Suas mãos foram espalmadas pelos lados da minha cabeça, com seu corpo prendendo o meu ao vidro, em um dos pontos mais altos do castelo. — Eu não me importo. — Tentei acreditar nas minhas palavras. Wulfric quase rosnou, mas evitou, bem a tempo de recordar onde estávamos. O vidro com certeza teria danos. Eu soube pela baixa vibração em seu peito. Ele segurou bem, se controlou. — Você apenas pensou demais e sequer sentiu minha presença ou cheiro quando entrei. Ele tinha razão. Como eu podia dizer que era indiferente, quando deixei de prestar atenção no mais importante — no meu companheiro? — Perdoe-me, eu estava distraída! Wulfric me encarou. Seus olhos fitaram os meus com tanta intensidade que parecia enxergar minha alma. Então, desceram para os meus lábios. — Seja cuidadosa com seus próprios sentimentos. Eu não s
EULÁLIAMinhas pernas fraquejaram quando sua mão deslizou entre minhas coxas, encontrando o ponto exato que me fazia perder o fôlego. Sua respiração pesada contra minha nuca misturava-se aos suspiros que eu tentava conter. Estávamos em um lugar aberto demais, mas nem isso parecia importar.“A noite está escura.” Foi o que pensei para explicar a mim mesma o motivo de não estar envergonhada.No entanto, a luz do quarto ainda estava acesa, então, se alguém estivesse em uma montanha ao longe com um binóculo ou algo do tipo, nos veria.Me virei de novo, agarrando sua camisa e o puxando para perto, sentindo a rigidez de seu corpo contra o meu.— Então não se controle… — sussurrei, encarando seus olhos vermelhos. Era hipnotizante.Seu peito vibrou; mais uma vez, seu alto controle evitou um rosnado. Mas como eu o queria ver rosnando em um momento como esse.Inclinando-se para me pegar no colo com facilidade, ele me levou até a cama.— Deseja que eu espere até a sua cerimônia?— Cerimônia? — m
EULÁLIA Não havia nada comigo, por isso tive que deslizar o olhar pelo quarto à procura de alguma arma, mas infelizmente, até o dia anterior, eu era uma prisioneira e não tinha direito a arma nenhuma. "Estou por conta própria." Respirei fundo e soltei, tentando me acalmar e me preparar adequadamente para me defender do intruso. "Se ele está insistindo tanto em entrar por essa janela é porque os que estão atrás da porta e com as lanternas estão com ele. Estão invadindo o castelo." Eles claramente não estavam à procura do supremo. "Estão atrás de uma fraqueza dele. Eu!" Era horroroso pensar que agora o lobo mais temido tinha uma fraqueza agora. "Aquele que faz sua força, também pode ser sua pior fraqueza." Era a verdade. Wulfric era completo agora, eu era completa, mas ele também adquirira sua fraqueza. "Por quê logo eu?" Como eu poderia me meter em tantas confusões apenas por desejar viver por mais um dia? Era muita má-sorte. O vidro se partiu em pedaços com o chute que o lobo
EULÁLIA Rolei no chão, sentindo os cacos arranharem minha pele, e insinuei o pedaço de vidro em sua direção. Ele prendeu meu pulso antes que eu pudesse acertá-lo, ficando em cima de mim. — Você não entende, Eulália... — sua respiração estava pesada; ele desceu o olhar sobre minha pele exposta de novo e de novo. Parecia até hipnotizado. "Que merda está acontecendo?" Eu cerrei os dentes, tentando controlar minha força para não partir o pedaço de vidro, mas para acertá-lo com ele, mesmo com as mãos presas. Ele de longe não se parecia com Wulfric, nem tão grande, nem tão ágil, nem mesmo era agradável ter seu corpo sobre o meu, imagine seu olhar. Me causou repulsa. — ...você deveria estar do meu lado. — Eu grunhi e o chutei com toda a força na costela, arrancando-lhe um grunhido surdo. — Louco! — rosnei. Soltei meu pulso e me ergui de um salto, ofegante. Aquilo era a gota d’água. Minha pele pinicava com o seu olhar e pelos cortes dos estilhaços. "Como eu pude ter desejado esse cr
EULÁLIA Antes que eu caísse, ele pegou-me pela cintura e me imobilizou, uma mão em minha boca para abafar meus gritos. — Perdão... — sussurrou no meu ouvido, o pesar quase sincero. “Perdão para quem, seu idiota? Para quem pede isso?” Da minha boca só saíam resmungos incompreensíveis. Tentei mordê-lo e lutei como pude, torcendo meu corpo, cravando as unhas em sua pele, mas Ciro parecia mais forte e obstinado que da última vez. Carregou-me até a janela quebrada e pulou, me fazendo gritar, não apenas pelo medo da aterrissagem, também por ele ser louco o suficiente para me levar do castelo do Supremo. O vento gelado da madrugada cortava minha pele, e o cheiro metálico de sangue impregnava o ar. Eu nem sabia mais onde doía em mim, estava descalça a esta altura e tinha arranhões pelas costas, pernas, braços; assim como ele, que tinha até mesmo no pescoço e rosto. "Não!" Gritei internamente, esperneando, me debatendo. Ele me prendeu com toda força que tinha. Caímos, por um milagre,
WULFRIC Enquanto atravessava a floresta transformado em lobo negro, algo me chamou a atenção. Cada vez que chegava mais próximo ao castelo, sentia mais urgência. Então me vi correndo de repente, mais rápido que nunca, pois meus pensamentos estavam totalmente voltados para ela. Qualquer um sem senso de perigo poderia se aproveitar desse momento, pois ele estava descrito na lenda. Era apenas esperar que a informação fosse passada pelo traidor e minutos seriam o suficiente para atacarem o castelo. “Eu deveria ter ido até a bruxa antes.” reclamei comigo mesmo. Me vi atravessando os portões como a força da natureza quando se está abalada. Antes pés e agora patas gigantes, pararam assim que cheguei perto da entrada. Cheirei o ar, o aroma dela descia pela lateral do seu quarto e eu já podia adivinhar o que havia acontecido. “Cheguei tarde.” Rosnei com fúria, sentindo os demais cheiros que acompanhavam. Ciro e humanos. “Eu sabia que não devia ter deixado esse verme vivo.” Mas ainda
EULÁLIA“Licaon foi o primeiro lobisomem da história, segundo as lendas gregas. Ele ousou cozinhar a carne de um escravo para oferecê-la a Zeus e, como punição, o deus o amaldiçoou. Desde então, ser um lobisomem sempre foi visto como uma maldição.”“Agora somos sinônimos de poder.”Aquela seria a noite em que minha vida mudaria, não que eu soubesse se seria uma mudança boa ou ruim.— Estão invadindo… — foi tudo muito rápido.O novo Beta da matilha Sangue Azul me puxou pela mão para longe de toda a confusão. A princípio, acreditei que seria pela posição de Luna que meu namorado havia prometido.— Por aqui. — Ele me levou rumo à floresta.— Mas eu posso ajudar as mães e crianças desamparadas se estiver lutando junto com todos.— Sua segurança é mais importante. E são ordens diretas.— De Ciro? — perguntei, seguindo-o. Ele ainda me puxava com pressa.— Sim.Meu sorriso ampliou. Por dentro, estava muito feliz por ele não estar mais estranho como antes.“Ele está me protegendo.”Acompanhei
EULÁLIALutei como podia, até perceber que ele queria me matar de verdade. Por isso, tive que empurrá-lo com tudo que tinha e pular de pé, mesmo machucada. Capturei a adaga que tinha no bolso da calça e encarei Ciro em sua forma de lobo, agora maior que antes, e sua suposta verdadeira namorada.— Por que está me atacando? — quase gritei. Ele, por sua vez, apenas me rondou.“Eles sempre planejaram me eliminar depois da ascensão de Ciro ao cargo de Alfa. Mesmo tendo sido eu a ajudá-lo a ganhar uma boa imagem.”— Porque você é a traidora, aquela que chamou os inimigos e fez o pai dele morrer antes da hora. — Era Rosalina falando por ele novamente.— Você não sabe mais falar, não? Só essa v***a aí? — explodi.Tudo estava se encaixando, e isso me deixava muito brava. Eu era o alvo de todos, principalmente daqueles dois. Então, recordei que o Beta foi o mesmo que entrou correndo, dizendo que estávamos sendo atacados, e foi ele quem me levou até ali, para esperar por meu suposto namorado.—