DANTE — DOIS MESES DEPOIS
Dois meses.
Tinha se passado dois meses desde aquela noite. Desde que cruzamos a linha que não tinha volta. Desde que Lívia se tornou minha de todas as formas possíveis.
E nesses dois meses, algo dentro de mim mudou.
Eu sorria mais. Acordava com um propósito. O vazio que me acompanhava desde a morte de Helena começou a ser preenchido por algo diferente.
Por amor.
Por esperança.
Por Lívia.
Estávamos na minha casa. Era domingo à tarde, e pela primeira vez em semanas, conseguimos algumas horas juntos sem precisar nos esconder tanto.
Marta tinha o dia de folga. A casa estava em silêncio, apenas o som da chuva lá fora batendo nas janelas.
Lívia estava deitada no sofá da sala, a cabeça no meu colo, lendo um livro. Eu passava os dedos pelo cabelo dela distraidamente, meio assistindo algo na TV, meio apenas observando-a.
— Você está me olhando de novo — disse ela, sem tirar os olhos do livro.
— Estou.
— Por quê?
— Porque eu posso — respo