Mundo de ficçãoIniciar sessãoJosefina acordou bem cedo, devido o fuso-horário, então saiu para caminhar pelo enorme jardim da mansão Hyun. O ar fresco da manhã a ajudava a clarear as ideias, e foi nesse momento que algo acendeu dentro dela — uma daquelas ideias que chegam como um estalo, um clarão no escuro.
Ela abriu um pequeno sorriso cansado. “Ela espera que eu tente do jeito tradicional… então vou fazer diferente.” Quando encontrou Minjae chegando, aproximou-se e anunciou: — Hoje eu não vou seguir o roteiro estabelecido. Tenho outros planos. Pode deixar ela comigo. Minjae piscou, confuso, como se tentasse decifrar um enigma. Abriu a boca para questionar, mas o celular começou a tocar. Ele se afastou para atender, ainda olhando para ela como quem pressente problemas. Aproveitando os poucos segundos de liberdade, Josefina foi direto para a cozinha. Aproximou-se da cozinheira com jeitinho: — Será que posso preparar um bolo? — Perguntou quase tímida. A mulher ergueu as sobrancelhas, surpresa. — Pode, sim — respondeu, inclinando-se para perto. — Mas, se quer agradar à pequena Clara… faça de chocolate. É o preferido dela. — Piscou discretamente. Josefina agradeceu com um sorriso, prendeu o cabelo e amarrou o avental. Começou a reunir os ingredientes. Quebrou ovos. Derreteu chocolate. Misturou a farinha com manteiga até atingir a textura perfeita. Cantarolava baixinho enquanto mexia a massa, o corpo balançando em um ritmo leve. Aos poucos, o aroma doce se espalhou pela cozinha… depois pelo corredor… depois por toda a casa. Clara, intrigada com a calma incomum daquela manhã — e com o fato de ninguém ter ido procurá-la para arrumar-se para a escola — desceu os degraus devagar, atenta como um gatinho farejador. A casa estava estranhamente quieta. Nenhuma empregada atrás dela. Nenhum resmungo de Minjae. Quando chegou ao último degrau, ouviu o som suave de uma colher raspando uma tigela. Então veio o cheiro: chocolate quente. Seguindo o aroma, aproximou-se da cozinha e parou na porta, observando. A cozinheira de meia-idade, a senhora Si, não estava lá. Havia apenas Josefina, concentrada em mexer uma panela de ganache, como se aquilo fosse a tarefa mais importante do mundo. O rosto da brasileira tinha leves manchas de farinha e chocolate, e ela ainda cantava distraída, com um sorriso natural. Clara arregalou os olhos, pensando: "Será que me deixaram sozinha com essa estrangeira?!" Deu dois passos para trás, o coração batendo rápido. Correu pelo corredor, tentando achar Minjae. Abriu a porta que dava para o jardim, mas não viu ninguém — apenas o som dos pássaros e o vento movendo as folhas. Sentou-se no banco, balançando as pernas, os dedinhos tamborilando na madeira. Franziu o nariz, incomodada e… furiosa. Agora ela estava sozinha com a mulher que, estranhamente, nem tentava fazer o seu serviço. Resmungou algo sobre estar atrasada para a escola e abriu um sorriso travesso ao imaginar Josefina encrencada. A nova babá não duraria uma semana — pensou, satisfeita. Então decidiu voltar à cozinha para encarar sua adversária. Entrou de mansinho pela porta dos fundos e sentou-se em uma cadeira, observando Josefina lavar a louça enquanto o bolo esfriava. Clara puxou discretamente o bolo para perto de si e arrancou um pedaço. Quando provou, seus olhos se arregalaram: era delicioso. Josefina virou-se e sorriu, dando um pequeno susto na menina. Clara bateu a mão na bancada, semicerrando os olhinhos com seriedade, a boca ainda cheia de bolo. Pegou um copo de leite e tomou um gole para conseguir engolir. Então apontou o dedo e disparou: — Você está encrencada. Além de não me preparar para ir à escola, ainda ousa fazer isso comigo! E saiu correndo para o quarto. Josefina ficou completamente sem reação. Pegou o celular, olhou o horário e as ligações perdidas — arregalou os olhos, tensa. Respirou fundo e correu imediatamente atrás da menina. Ela estava, de fato, encrencada. Quando Minjae descobrisse... ela pensou, estar no olho da rua. Como poderia ter esquecido de um detalhe tão importante? Para piorar, Clara não facilitava. Josefina resmungou tentando abrir a porta do quarto. Será que aquele era o seu fim na mansão Hyun?






