Nenhum dinheiro do mundo poderia comprar o prazer da mulher que gostava. Poderia se passar anos e inúmeras mulheres por aqueles lençois, mas poucas se comparavam a um terço do que foi Clarisse em seus braços. Sentou na cama lembrando que deveria ter mais cuidado com quem visitava nas madrugadas por que isso só lhe dava dor de cabeça e outro dia cansativo para trabalhar e nada mais. Nem libertação, felicidade, satisfação, nada e nada.
Desceu as escadas da casa esperando não encontrar nenhuma das empregadas para não começar o dia ignorando as pessoas, porque agora entendia a dor de ser totalmente ignorado e preferia não sentir absolutamente nada. Chegou ao seu carro sem ver nenhuma alma viva e seguiu para a saída querendo que aquele dia fosse um dos melhores da semana. Não iria custar nada a ninguém não o perturbar de nenhuma maneira possível. Desde o saguão do prédio ao andar que ficava sua sala, seus desejos vinham sendo atendidos de maneira rápida e eficaz... Ele tinha algo para reclamar? Claro que não. Entrou em sua sala e todo o sorriso que não mostrava em seu rosto sumiu ao ver sua gloriosa secretária Dylan ajeitando alguns papeis em sua mesa. Foi quase um dia bom. - Bom dia para você também. Me parece que dormiu muito, muito bem com aquela garota. - Riu de canto trazendo para a mesa um copo de café amargo, o que Vicent mais gostava embora ele não fosse dizer nunca. - Hoje fui em três padaria diferentes para comprar essa sua torrada que não sei bem o que tem de tão especial, são sem gosto ou cor. Ah... É isso, é igual a sua vida - Sussurrou a última parte e sim, ele com certeza ouviu, mas ele tinha adotado um novo modo de viver que era "ignorar todo o resto do mundo e seus comentários". - Tem alguma coisa para mim? - Se encostou na cadeira cruzando as mãos, analisou o vestido sem cor da secretaria enquanto a mesma procurava em sua agenda algo que pudesse lhe informar? Será isso? Dylan já foi mais eficiente... Mas isso também não era para se discutir. - Preciso acertar mais alguns detalhes da festa de aliança, eu adorei esse nome. Aposto que você vai se divertir, mas ainda não consegui nenhum acompanhante para você. - Eu não preciso de acompanhante. - Porque não? Pretende aparecer sozinho enquanto todos tem alguém para conversar se tudo ficar estranho? - O outro revirou os olhos. - Está bom, tenho outra notícia que pode ser do seu agrado. - Então fala sai daqui, preciso focar no trabalho. - Eu sou a sua secretária e sei bem que não tem nada hoje. Mas esse final de semana será muito produtivo, então sugiro que o senhor passe ou faça uma viagem para relaxar de duas horas, tem lugares ótimos. - Dylan - A mulher se calou. Suspirou novamente procurando por suas coisas e sorriu. - Recebi uma resposta do seu filho. - Vicent apenas piscou antes de assimilar aquela frase - Ele disse que virá para a festa. - O que? É sério? - Se aproximou da mesa com seus olhos cerrados - E ele vem sozinho? - Sim Vicent ele está bem e a empresa de Valcolink tem dado tanto lucro. Você o criou bem - O outro apenas abaixou os olhos - Ele confirmou a presença, apenas isso. Não informou se trará a família dele. - Família dele, quem diria que se casaria com ela e ainda criaram um filho - Virou na cadeira e levantou. As vezes quando fechava os olhos ainda podia sentir o toque de Clarisse em seu corpo. Tudo que viveu com ela, não foi mentira. Gostava dos seus lábios, dos seus olhos, do corpo, até do som da sua voz. E se odiava todos os dias apenas em lembrar que perdeu tudo aquilo para a única pessoa que não podia destruir. - Mas como sua secretária preferida e uma das mulheres da sua vida, tenho uma informação que pode te deixar animado - Vicent abaixou a cabeça dando uma pequena risada. Aquela mulher era louca, certeza. - O aniversário do pai da Clarisse está chegando - O homem ergueu os olhos para a janela grande apreciando a vista. - E o que isso tem haver conosco? - Virou para ela que fechou seu tablet se aproximando. - Tem haver que Clarisse não vai deixar o seu marido viajar sozinho para uma festa na cidade dos seus pais podendo vir visitá-los no aniversário do pai. Eu conheço a cabeça daquela mulher como a palma da minha mão. - Você conhece ela como a palma da sua mão? - A encarou, completamente interessado naquele assunto. - Sim. E vou me preparar muito bem para esse final de semana. Me aproximo de algumas pessoas, jornais, revistas de fofoca e saber se você tem dinheiro o suficiente para cobrir quando fofoca que sair com seu nome. - Não entendi onde quer chegar. - Clarisse e você no mesmo ambiente... E não venha me falar que vai se comportar porque ela é a esposa do seu filho. Isso não te impediu de roubar a namorada, pode muito bem roubar a esposa. E eu não quero que faça isso de um jeito ruim, porque quero continuar trabalhando para você e ganhando meus salários com aumentos todo ano, o que não vou conseguir manter se você falir. Entendeu? Então tudo isso é por mim, não por você. Deu as costas para o homem que tornou a rir. Então Ronny iria vir para a festa e traria Clarisse? E agora? Tentaria sair e conversar com ela a sós para saber como estava a sua vida? Se ela era feliz com Ronny, como disse que seria? Foi a coisa certa ela lhe deixar por aquele pirralho que não saberia lidar com toda aquela situação? Bom se estavam juntos até agora então ele tinha a aceito e respeitado, NÉ? - - O susto da mulher diante do celular despertou o marido lá na cozinha. Saltou do sofá para dar a boa notícia... - QUERIDO... Clarisse acabou de dar a melhor notícia que você poderia receber - O homem deixou sua colher de lado - Ela virá para seu aniversário. Precisamos dar uma festa grande. - Vamos conhecer a criança finalmente - Se animou o homem - E o marido virá junto? - fechou a cara. - Provavelmente, ele não deixaria ela viajar sozinha para Seant outra vez. Mas não vamos pensar naquele cara agora e sim na visita de nossa família depois de seis anos. E vamos conhecer o nosso neto - Vibrou a mulher no lugar... Desde que se mudaram para Vancolink Ronny não permitiu que a família visitasse Clarisse, uma coisa que partiu o coração tanto de Jasper por não conhecer os avós pessoalmente, como para Clarisse que não conseguia se livrar de toda a culpa de ter o traído, então ela deixava que Ronny ganhasse aquela partida sem reclamar. - Quero conversar com Clarisse de pai para filho, gostaria de saber se ela está de acordo com essas exigências do marido - Gregori, o ex-policial apaixonado pelas mulheres de sua vida trouxe a esposa de volta a conversa. - E se ela estiver de acordo, não vou interferir em casa, mas se ela não está gostando de ficar longe dos pais e as melhores amigas, ela não ficará. - O que quer dizer? - A mulher abriu um sorriso enorme. - Que se ela não quiser voltar, ela vai voltar para aquela cidade junto do marido e sumir do mapa como se isso fosse possível. Não quero mais a minha única filha morando longe. - O Ronny virou um homem muito influente e firme em sua palavra. Ele não ficará sem a sua família. Ele tem um filho e é casado com nossa filha. - Estou disposto a ir mais longe para ter a Clarisse por perto se ela não se sentir feliz ao lado daquele homem. - A esposa riu de canto - E ele pode ser poderoso e rico e muito influente, mas não é mais que o pai dele. - Se for pela felicidade da nossa filha, eu ajudo em tudo que for preciso.Quando a última mala foi fechada Clarisse deu alguns passos para trás apenas para revisar seu trabalho. Havia uma determinação em seu olhar que Ronny jamais podia ver. Podia escutar as risadas de Jasper e sua animação pela viagem. Se aproximou do quarto do pequeno assistindo os dois brincarem pelas roupas bagunçadas e brinquedos espalhados. Queria que todos os dias fossem daquele jeito. Seria mais fácil de lidar e engolir todas as loucuras do seu marido.- Vamos nos atrasar se continuarmos apenas a brincar - Os dois deram atenção a mulher e Jasper correu para os braços da mãe. - Minhas malas estão prontas.- Tudo bem, vou pedir para buscarem, o avião sai em duas horas. Temos um tempo - Clarisse confirmou e desceu para a sala trazendo o filho junto.Estava tão animado que não parava de falar se seus avós que prometeu passeios maravilhosos pela cidade, sem contar que o avô prometeu uma volta de avião, mas não qualquer avião, um do exército como um policial. Esperaram por Ronny já d
- Tome, fique a vontade. O frio de Seant deixa todo mundo com preguiça de existir. Então, tome mais café, e se quiser mais alguma coisa me conte, me conte tudo que deseja comer, ta bom? - Sentou ao lado de Clarisse que acabou sorrindo com todo aquele carinho. O sabor do café de sua mãe era único. Nenhuma empregada daquela casa grande em Valcolink conseguiria reproduzir isso. Abriu os olhos devagar estudando o rosto bonito de sua mãe iluminar.- Está muito bom. Obrigada por fazer isso, estava com muita saudade da sua comida - Nice suspirou passando as mãos pelo cabelo de Clarisse, tão linda e especial, nem acreditava que finalmente tinha voltado para casa - Você parece triste.- Não estou mais triste. Seis anos se passaram Clarisse, e não veio nos visitar. - A mulher assentiu com tristeza em seus olhos - Eu entendo que deve ter sido obra do seu marido, mas eu não acredito que ele tenha tanto poder assim sob você. Então, diga a mim se alguma coisa fizemos para te chatear.- Não fize
Quando a última mala foi colocada no chão, Ronny estudou todo o quarto de hotel antes de caminhar em direção às janelas e abrir uma por uma revelando a grande cidade de Seant, a mesma a qual tinha deixado a seis anos para viver de amor com sua esposa e o filho que não era seu. Deveria ter demorado muito mais tempo, jamais voltaria para aquela cidade onde teve seu amor roubado pelo último homem a qual ele achou que seria traído. Engoliu a seco pensando na possibilidade daqueles dois se encontrarem. Não, não deixaria isso acontecer jamais. Colocaria alguém para espionar Clarisse vinte e quatro horas por dia, queria saber seus passos e tudo que fazia naquela semana inteira que estaria ali. Se arrumou naquela manhã para almoçar com o grande Vicent Tornneagth, a pedido do mesmo. Não queria ter um encontro assim logo de cara, mas sabendo que outras pessoas estariam ali para cumprimentar o grande filho de Vicent, iria ajudar. Naquela semana se dedicaria a ser não apenas um filho, como tamb
Quando saiu de casa sabia que muita coisa estaria diferente ao voltar. Se despediu de seu filho com um nó na garganta, o que ele iria achar de morar ali e bem longe do pai? Ao menos do pai que ela arrumou para a criança?Como nos velhos tempos, o restaurante que escolheu aquele horário era o mais possível da cidade e de todos que podiam reconhecer Vicent Tornneght. Não queria que alguém os visse a ponto de tirar fotos e mandar para todos os sites como fofoca, Ronny enlouqueceria sem contar que a exposição ao seu nome chamaria atenção de Jasper que já estava grandinho insuficiente para vagar pela internet.Não demorou para ver seu ex-amante atravessar as portas do restaurante com seu costumeiro sorriso de deboche, usando suas roupas sexy e aquele cavalo longo rodeando o pescoço. Esse tempo todo que estava longe, Vicent ficou ainda mais bonito, mais maduro, com uma barba fala contornando seu rosto másculo. Tão diferente de Ronny, mas igual a ele. Se o filho ficasse velho como o pai, es
Assim que Vicent atravessou as portas de sua casa, notou que alguns convidados já estavam presentes, tentou disfarçar pelo caminho procurando por Ronny, o encontrando diante da mesa de bebidas. Ah, então ele havia virado outro viciado em bebidas? Tudo bem, isso poderia lhe ajudar de inúmeras maneiras, disso não podia abrir mão. — É um prazer ter você aqui – Cumprimentou um de seu amigo, e sua esposa — Está tudo bem agora? Pensei que chegariam mais tarde. — Filhos. Estão sempre nos surpreendendo. Você vai descobrir isso com um tempo. – O outro retrucou fazendo Vicent sorrir. — Eu sei muito bem, tenho um que de vez enquanto ainda preciso puxar a orelha. — Jura? Temos quatro – Tornou a rir ao lado de sua esposa, Vicent perdeu um pouco de seu sorriso notando aqueles dois. Muito bem casados depois de anos separados e cuidando de quatro crianças, e muito bem… — Crianças, três meninas de 6 anos e um menino de 5. São os amores da minha vida… quer dizer, não mais que minha linda esposa. –
A noite caiu bem em Seant… Trazendo sua beleza encantadora com a lua exibida no céu com todo seu brilho… Aquele lugar era maravilhoso, de dia, de noite, o clima chuvoso, o vento frio que arrepiava os pelos, tão como o gelo das ruas a obrigando a usar casacos grossos e botas para aquecer seus pés. Mas apesar das ruas daquela cidade serem absurdamente maravilhosas a quais podia caminhar por horas e nunca veria algo semelhante, não chegavam aos pés da beleza de uma família feliz.Ouvia atentamente sua mãe contar as histórias que tinha com suas amigas, salão de cabelo, manicure, até mesmo no clube do livro e todas as festas de reencontro dos aposentados da polícia, sempre haveria uma história nova, um casamento que acabou e uma amante diferente para ser oferecida como informação e fofoca anual para suas amigas e colegas. Na sala, seu pai jogava videogame com Jasper o ensinando como deve usar os poderes do personagem no jogo. Jasper não tinha isso em casa, sempre jogava sozinho. Até tent
Os pequenos passos para dentro do quarto de hotel a deixava insegura. Olhou ao redor tomando cuidado para não demonstrar insatisfação ao ter que deixar seus pais e o conforto da casa para seguir Ronny para o hotel apenas porque ele contou para o garoto e o encheu de esperanças de uma manhã maravilhosa com cavalos, e todos os tipos de doces que ele conseguia comer.Havia algumas caixas e sacolas por todo lugar, Ronny entrou no quarto também com a criança em seu colo, ambos muito animados e seguiram para a cozinha. O quarto era bem espaçoso com mais dois quartos separados com cozinha e sala. Luxo e conforto total, era apenas isso que Ronny podia oferecer.— Vou colocá-lo na cama, quer vir junto? – Ronny bradou carregando o menino pela casa. Clarisse sorriu com as risadas do filho, ele parecia tão feliz, tão animado, e queria que sua vida fosse o tempo todo assim.— Eu vou me trocar e dormir. – Deu um beijo na criança.— Essas sacolas são de roupas pra você, roupas lindas e caras, Dylan
A porta fechou atrás de si, seu coração estava despedaçado. Tateou o chão engatinhando até a porta do banheiro e subiu aos poucos se apoiando na pia e forçou seu corpo até chegar ao espelho. A marca em seu rosto estava evidente, passou a mão por ali e ainda formigava. Os cabelos dourados ao redor de seu rosto lhe deixava linda como uma jovem adolescente apaixonada, apaixonada por ninguém além do filho. Começou a chorar e até mesmo a lágrima que escorreu passando por cima da palma em seu rosto.Chorou mais apertando os olhos… Contudo, despertou quando escutou o som do celular ao longe. Virou para a porta e no primeiro passo que deu, quase caiu se apoiando na porta. Se apoiou nas paredes até a sala junto das sacolas chegando ao seu casaco na poltrona onde estava sentada.Até ali já tinha perdido a ligação, pensou em voltar para o quarto e apenas deitar, mas o celular tornou a tocar… podia ser sua mãe, pois ela foi a que inventou todas as desculpas para Ronny para que não fosse embora, m